O corporal com as gotas do divino Sangue do milagre de Bolsena na saída da basílica de Orvieto |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
A festa de Corpus Christi é dedicada a honrar e adorar o Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus Cristo realmente presente na Eucaristia, sob as aparências do pão e do vinho.
Corpus Christi é a manifestação pública da fé no dogma da Presença Real na Hóstia consagrada. Daí as belas procissões realizadas no mundo inteiro.
No Brasil, de norte a sul, cidades enfeitam suas ruas com encantadores “tapetes” de flores para glorificar o Deus humanado.
A festa de Corpus Christi foi inspirada a uma religiosa agostiniana, Santa Juliana de Cornillon (1193–1258), a quem Deus revelou a conveniência para a Igreja dessa celebração.
Santa Juliana foi superiora da abadia de Mont-Cornillon de Liège (Bélgica), fundada em 1124.
A partir dela surgiu um movimento eucarístico que incentivou várias práticas de adoração à Hóstia Consagrada, como a Exposição e a Bênção do Santíssimo Sacramento.
Deus pediu a Santa Juliana, abadessa de Mont-Cornillon, a celebração da festa do Corpus Christi |
O Bispo concordou com a celebração na diocese, mas não chegou a ver cumprida a solenidade, pois falecera no mesmo ano.
Em 1250 o Cardeal Cher, também de Liège, instituiu em toda a diocese a nova festividade com o nome de “Fête-Dieu”.
A primeira vez foi realizada no interior da igreja de Saint-Martin, num cerimonial dirigido pelo próprio Cardeal.
Entretanto a primeira procissão de Corpus Christi realizada publicamente, ocorreu em 1264 — há mais de 750 anos — nas ruas da cidade de Orvieto na Itália.
Ela vem sendo realizada todos os anos e certamente constitui a mais bela manifestação pública em honra do Santíssimo Sacramento, embora muitas outras, como a de Toledo, possam ser mencionadas pelo seu brilho e piedade.
Em 11 de agosto de 1264, o Papa Urbano IV estendeu a todo o Orbe católico a Festa de Corpus Christi.
Ele ordenou com a bula Transiturus de hoc mundo que fosse celebrada publicamente e de modo solene pelas ruas e praças.
A data foi fixada para a quinta-feira após o dia da Santíssima Trindade.
Ela é rezada em memória da primeira Missa celebrada por Nosso Senhor, na Última Ceia com os Apóstolos, na Quinta-Feira Santa, quando instituiu o incomparável Sacramento da Eucaristia.
O que determinou decisivamente o Papa para atender os pedidos que se originaram em Santa Juliana na Bélgica?
Um milagre. Mas na Itália e com um sacerdote checo!
Santo Tomás de Aquino compôs os hinos do oficio de Corpus Christi. Bandeira bordada, Santa Rosa, Springfield, EUA. |
O Padre Peter, oriundo de Praga, empreendeu uma viagem desde a Boêmia, sua região natal, até Roma.
Ele desejava revigorar sua fé na Cidade Eterna, pedir ao Papa alguns esclarecimentos e expor-lhe dúvidas a respeito da doutrina da transubstanciação, a mudança da substância do pão e do vinho em Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, permanecendo, contudo, as aparências do pão e do vinho.
Chegando à cidade de Bolsena, o sacerdote celebrou a Missa na igreja de Santa Cristina.
Foi essa a última vez que o atormentaram as dúvidas de fé sobre a presença Real de Jesus na Santíssima Eucaristia!
No momento da Consagração, na Sagrada Hóstia ocorreu uma transbordante efusão do preciosíssimo Sangue.
Gotas se verteram sobre o corporal (tecido de linho branco que fica debaixo do Cálice), tingindo-o de sangue.
Assustado com aquele inexplicável acontecimento, o sacerdote dubitativo procurou esconder o sagrado corporal, pois julgava que isso ocorrera em castigo devido às suas dúvidas de fé.
Mas o sangue transpôs o linho e quatro gotas caíram sobre os degraus do altar, deixando impressos no mármore sinais evidentes do adorável Sangue.
Não podendo mais ocultar o milagre, foi à procura do Papa Urbano IV que se encontrava em Orvieto, cidade bem próxima de Bolsena.
Ele narrou o acontecido e o Papa fez trazer à sua presença aquele corporal e ordenou uma apuração meticulosa, que resultou na comprovação inequívoca do milagre.
Essa é a origem da edificação da Catedral de Orvieto: a guarda e veneração do sacrossanto Corporal, venerado hoje por muitas peregrinos do mundo inteiro.
O corporal do milagre de Bolsena na procissão de Corpus Christi em Orvieto. |
Naquelas circunstâncias, o próprio Papa Urbano IV pediu a Santo Tomás de Aquino compor cânticos para se festejar com maior esplendor o dia de Corpus Christi.
O Doutor Angélico então compôs cinco hinos em louvor ao Santíssimo Sacramento — o “Lauda Sion”, “Adoro Te Devote”, “Pange Lingua”, “Sacris Sollemnis” e “Verbum Supernum”.
Conta-se que para a criação dos hinos, o Papa também apelou ao grande São Boaventura que estava presente na cidade.
Mas quando o Romano Pontífice fez leitura em voz alta do ofício composto por Santo Tomás, São Boaventura, despretensiosamente, foi rasgando a sua composição enquanto lia o célebre e belíssimo hino “Lauda Sion” (Louva Sião).
(Autor: apanhado de artigos de Paulo Roberto Campos da agência ABIM e Fábio Pessanha do site Lepanto)
Vídeo: Corpus Christi: procissão em Granada
GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS HEROIS CONTOS CIDADE SIMBOLOS
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário! Escreva sempre. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.