quinta-feira, 31 de maio de 2018

A festa de Corpus Christi para adorar o Santíssimo Sacramento

O corporal com as gotas do divino Sangue do milagre de Bolsena na saída da basílica de Orvieto
O corporal com as gotas do divino Sangue do milagre de Bolsena na saída da basílica de Orvieto
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







A festa de Corpus Christi é dedicada a honrar e adorar o Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus Cristo realmente presente na Eucaristia, sob as aparências do pão e do vinho.

Corpus Christi é a manifestação pública da fé no dogma da Presença Real na Hóstia consagrada. Daí as belas procissões realizadas no mundo inteiro.

No Brasil, de norte a sul, cidades enfeitam suas ruas com encantadores “tapetes” de flores para glorificar o Deus humanado.

A festa de Corpus Christi foi inspirada a uma religiosa agostiniana, Santa Juliana de Cornillon (1193–1258), a quem Deus revelou a conveniência para a Igreja dessa celebração.

Santa Juliana foi superiora da abadia de Mont-Cornillon de Liège (Bélgica), fundada em 1124.

A partir dela surgiu um movimento eucarístico que incentivou várias práticas de adoração à Hóstia Consagrada, como a Exposição e a Bênção do Santíssimo Sacramento.



Deus pediu a Santa Juliana, abadessa de Mont-Cornillon,
a celebração da festa do Corpus Christi
Em 1246, Santa Juliana pediu ao bispo de Liège, Dom Roberto de Thorote, a instituição da festa de ação de graças pela presença real, em Corpo e Alma, de Nosso Senhor na Eucaristia.

O Bispo concordou com a celebração na diocese, mas não chegou a ver cumprida a solenidade, pois falecera no mesmo ano.

Em 1250 o Cardeal Cher, também de Liège, instituiu em toda a diocese a nova festividade com o nome de “Fête-Dieu”.

A primeira vez foi realizada no interior da igreja de Saint-Martin, num cerimonial dirigido pelo próprio Cardeal.

Entretanto a primeira procissão de Corpus Christi realizada publicamente, ocorreu em 1264 — há mais de 750 anos — nas ruas da cidade de Orvieto na Itália.

Ela vem sendo realizada todos os anos e certamente constitui a mais bela manifestação pública em honra do Santíssimo Sacramento, embora muitas outras, como a de Toledo, possam ser mencionadas pelo seu brilho e piedade.

Em 11 de agosto de 1264, o Papa Urbano IV estendeu a todo o Orbe católico a Festa de Corpus Christi.

Ele ordenou com a bula Transiturus de hoc mundo que fosse celebrada publicamente e de modo solene pelas ruas e praças.

A data foi fixada para a quinta-feira após o dia da Santíssima Trindade.

Ela é rezada em memória da primeira Missa celebrada por Nosso Senhor, na Última Ceia com os Apóstolos, na Quinta-Feira Santa, quando instituiu o incomparável Sacramento da Eucaristia.

O que determinou decisivamente o Papa para atender os pedidos que se originaram em Santa Juliana na Bélgica?

Um milagre. Mas na Itália e com um sacerdote checo!

Santo Tomás de Aquino compôs os hinos do oficio de Corpus Christi.
Bandeira bordada, Santa Rosa, Springfield, EUA.
Ele aconteceu em Bolsena, na província de Viterbo, diocese de Orvieto, em 1264.

O Padre Peter, oriundo de Praga, empreendeu uma viagem desde a Boêmia, sua região natal, até Roma.

Ele desejava revigorar sua fé na Cidade Eterna, pedir ao Papa alguns esclarecimentos e expor-lhe dúvidas a respeito da doutrina da transubstanciação, a mudança da substância do pão e do vinho em Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, permanecendo, contudo, as aparências do pão e do vinho.

Chegando à cidade de Bolsena, o sacerdote celebrou a Missa na igreja de Santa Cristina.

Foi essa a última vez que o atormentaram as dúvidas de fé sobre a presença Real de Jesus na Santíssima Eucaristia!

No momento da Consagração, na Sagrada Hóstia ocorreu uma transbordante efusão do preciosíssimo Sangue.

Gotas se verteram sobre o corporal (tecido de linho branco que fica debaixo do Cálice), tingindo-o de sangue.

Assustado com aquele inexplicável acontecimento, o sacerdote dubitativo procurou esconder o sagrado corporal, pois julgava que isso ocorrera em castigo devido às suas dúvidas de fé.

Mas o sangue transpôs o linho e quatro gotas caíram sobre os degraus do altar, deixando impressos no mármore sinais evidentes do adorável Sangue.

Não podendo mais ocultar o milagre, foi à procura do Papa Urbano IV que se encontrava em Orvieto, cidade bem próxima de Bolsena.

Ele narrou o acontecido e o Papa fez trazer à sua presença aquele corporal e ordenou uma apuração meticulosa, que resultou na comprovação inequívoca do milagre.

Essa é a origem da edificação da Catedral de Orvieto: a guarda e veneração do sacrossanto Corporal, venerado hoje por muitas peregrinos do mundo inteiro.

O corporal do milagre de Bolsena na procissão de Corpus Christi em Orvieto.
O corporal do milagre de Bolsena na procissão de Corpus Christi em Orvieto.
O mármore sobre o qual pingaram gotas do preciosíssimo Sangue, conserva-se até hoje na Igreja de Santa Cristina de Bolsena, para prodigiosa comprovação da presença Real de Nosso Senhor Jesus Cristo na Hóstia consagrada.

Naquelas circunstâncias, o próprio Papa Urbano IV pediu a Santo Tomás de Aquino compor cânticos para se festejar com maior esplendor o dia de Corpus Christi.

O Doutor Angélico então compôs cinco hinos em louvor ao Santíssimo Sacramento — o “Lauda Sion”, “Adoro Te Devote”, “Pange Lingua”, “Sacris Sollemnis” e “Verbum Supernum”.

Conta-se que para a criação dos hinos, o Papa também apelou ao grande São Boaventura que estava presente na cidade.

Mas quando o Romano Pontífice fez leitura em voz alta do ofício composto por Santo Tomás, São Boaventura, despretensiosamente, foi rasgando a sua composição enquanto lia o célebre e belíssimo hino “Lauda Sion” (Louva Sião).





Vídeo: Corpus Christi: procissão em Granada






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