domingo, 3 de dezembro de 2017

Nossa Senhora de Riom e o sorriso medieval

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Pode-se dizer que cada século ou era histórica tem um rosto ou uma expressão fisionômica e de alma que o diferencia dos demais.

E a Idade Média, na sua longa duração e na sua riquíssima variedade de eventos nunca perdeu um traço distintivo. E esse foi o sorriso.

E um sorriso leve e espiritual que só a Idade Média foi capaz de fazer e comunicar.

E nos difícil ver essa atitude de alma em nossos tempos.

Entretanto, ela ficou impresa em inúmeros testemunhos medievais.

Um desses é a estátua de “La Vierge à l’Oiseau” (Nossa Senhora com o Menino Jesus e Este com um pequeno pássaro), no exterior da igreja Nossa Senhora de Marthuret, em Riom (França).



“A primeira impressão que causa essa imagem é da relação de alma extraordinária entre os dois (o Menino Jesus e Nossa Senhora), de maneira tal que mais do que fotografar só uma alma, se fotografa as duas.

O que está extraordinariamente bem apanhado na escultura, é esta relação de alma entre os dois.

Relação de alma que tem isso de extraordinário que pega um desses momentos de familiaridade entre Mãe e Filho, em que a mãe brinca um pouquinho com o filho e este brinca um pouco com a mãe.

Sem o que a relação mãe e filho não pode ser compreendida.

Se ela nunca desfechasse num sorriso e numa brincadeira, não seria possível haver relação mãe-filho.

Por que razão?

Porque o Menino tem qualquer coisa de débil que faz sorrir a Mãe.

Mas, por outro lado, a debilidade dEle pede que a Mãe apareça, para estar na proporção dEle, de vez em quando sorrindo.