domingo, 26 de junho de 2022

"Salve Rainha": a maravilhosa origem


Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






A “Salve Rainha” é a mais famosa oração a Nossa Senhora depois do Ave Maria.

Ela tem a impronta de devoção medieval bem marcada: unção, espírito filial e sacral, lógica e suavidade.

Ela parece ter sido sugerida pela própria Mãe de Deus à alma que a recitou pela primeira vez. Quem foi ela?

Salve RainhaÉ próprio do espírito de humildade e pureza do espírito católico não querer atrair a atenção sobre si próprio.

E em casos como este, esquecer de si próprio para atrair todas as atenções para o objeto da oração: a Santíssima Mãe de Deus.

Mas, como em tantas outras maravilhas medievais, o primeiro que recitou o “Salve Rainha” foi o mais humilde e o mais posto de lado.

Em concreto, o Beato Hermann Contractus, ou o Aleijado nascido com muitos defeitos no corpo mas com tesouros de amor por Nossa Senhora na alma.

Haveria de lhe dar enorme impulso o beato Ademar de Monteil, bispo de Puy-en-Velay no século XI.

Nossa Senhora do PuyEm Puy-em-Velay, na região de Auvergne, no centro da França, há um famosíssimo santuário dedicado a Nossa Senhora do Puy.

Aliás muitíssimo mais visitado nos tempos medievais do que nos séculos de decadência religiosa que advieram depois.

No santuário de Puy-en-Velay venera-se também hoje a imagem de “Nossa Senhora das Cruzadas”.

Peregrinos e cruzados que iam a Terra Santa acostumavam passar antes pelo Puy para se encomendar especialmente a ela.

Ademar de Monteuil descobre a Sagrada Lança durante a Primeira CruzadaPor sinal D. Ademar foi o primeiro bispo cruzado, e o primeiro cruzado. Foi ele quem, o primeiro, pediu ao Papa Beato Urbano II de portar a Cruz em sinal de guerra aos maometanos.

O acatadíssimo Migne defende que “antes de sua partida à Cruzada, pelo fim do mês de outubro de 1096, ele compôs a canção de guerra da (Primeira) Cruzada, na qual ele implorava a intercessão da Rainha do Céu, usando a Salve Rainha do beato Hermann” (Migne, "Dict. des Croisades", s. v. Adhémar).

Igreja de São Miguel Arcanjo, Puy-en-VelayNão menos importante é a devoção a São Miguel Arcanjo naquela abençoada localidade.

Dom Ademar descobriu a Sagrada Lança durante essa Cruzada.

O Puy exercia quase tanto ou igual atrativo à devoção ao Príncipe da Milícia Celeste do que o famosíssimo Monte Saint-Michel na Normandia.

Além do mais, o Puy era uma das etapas as mais prezadas pelos romeiros que depois seguiam a pé ‒ e ainda hoje seguem ‒ até o longínquo túmulo do Apóstolo Santiago em Compostela, Espanha.

Tão grande foi a devoção medieval pela Salve Rainha que o próprio gregoriano elaborou muitas formas de cantá-la.

Durandus, no seu “Rationale”, põe a origem no espanhol D. Pedro de Monsoro, falecido perto do ano 1000, bispo de Compostela.

É lugar inconteste que as exclamações finais “ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria” tenham sido inspiradas por Nossa Senhora a São Bernardo de Claraval.

O milagre inspirador teria acontecido na abadia de Speyer (Spira) na Alemanha.

Veja como foi este milagre em: Num Natal: Ó clemente! Ó piedosa! Ó doce Virgem Maria!




Salve Regína, Mater misericórdiae, vita, dulcedo et spes nostra salve!
Salve Regina
Salve Regina

Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve!


Ad te clamámus, éxsules filii Evae.
A vós bradamos os degredados filhos de Eva;

Ad te suspirámus geméntes et flentes in hac lacrimárum valle.
a vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.

Eia ergo, advocata nostra, illos tuos misericórdes óculos ad nos convérte.
Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei,

Et Jesum, benedíctum fructum ventris tui, nobis post hoc exsílium, osténde.
e depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto de vosso ventre.

O clemens, o pia, o dulcis Virgo Maria!
Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria.

Jaculatória final: Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.




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domingo, 12 de junho de 2022

O miraculoso reconhecimento do cinto de Nossa Senhora

Santo Cinto de Nossa Senhora dentro do relicário, catedral de Prato, Itália
Santo Cinto de Nossa Senhora dentro do relicário, catedral de Prato, Itália
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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Na catedral de Prato, Itália, não longe de Florença hoje é venerado solenemente o santo cinto, cíngulo, ou correia de Nossa Senhora.

Ele foi trazido de Jerusalém no ano de 1141 por Michele Dagomari, habitante da cidade e romeiro na Terra Santa.

Porém, em 1173, como não havia confirmação da autenticidade da relíquia, a Providência valeu-se de um fato extraordinário para que todos a reconhecessem como verdadeira.

A presença dos Apóstolos na Assunção é uma tradição que remonta aos primeiros séculos do cristianismo. Não faz parte do dogma gloriosamente proclamado pelo Papa Pio XII, mas é largamente aceita, como se pode verificar na iconografia tradicional.