quarta-feira, 2 de junho de 2021

Na festa de Corpus Christi, o hino “Ave Verum”
(“Salve, ó verdadeiro corpo”)

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Na Idade Média foram compostas muitas músicas e poesias religiosas em louvor do Santíssimo Sacramento.

Esta grande devoção teve, aliás, imenso incremento no período medieval.

Podemos então dizer que ela ‒ aperfeiçoada pela Contra-Reforma ‒ chegou até nós impregnada do perfume da Idade Média.

A presencia real de Nosso Senhor Jesus Cristo, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade na Sagrada Eucaristia está fundamentada nas próprias palavras de Cristo na Última Ceia: “Este é meu corpo, esta é minha sangue”.

A Fé na presença real de Cristo na Eucaristia foi professada universalmente por toda a Igreja desde sua fundação.

Só com o protestantismo que apareceram contestações, aliás mais próximas da chicana do que qualquer outra coisa. 
 
Foram sobejamente refutadas pelos Doutores e notadamente pelo Concílio de Trento.

Na crise da fé no século XX, reapareceram falsos teólogos que pretenderam reviver os erros protestantes com outro nome.

É o malfadado progressismo, que tem menos fundamento na verdade que os próprios protestantes. 
 
Todos esses erros acabarão ficando à margem da História, como já ficaram os de Calvino, Zwinglio, Melanchton ou Lutero.

Elevação do cálice na Missa, Dorchester Abbey, ©Fr Lawrence OPNo século XI, portanto em plena Idade Média, a Igreja aprofundou o estudo racional da Presença Real.

Esse genuíno desenvolvimento do dogma católico gerou um grande movimento de piedade eucarística.

Um dos seus momentos culminantes foi a instituição da festa de Corpus Christi, em 1264.

Como o povo penetrado de verdadeira fé aspirava ver a Deus feito carne na Hóstia consagrada, foi introduzido na Missa o rito da elevação. Ele acontece logo depois da Consagração.

Durante a elevação, os medievais faziam soar um sino especial, e os fiéis espalhados pela catedral ou pela igreja acorriam para ver e adorar a Hóstia divina.

Também se acendia um círio num alto candeeiro. 
Posteriormente acendeu-se um castiçal pequeno, também chamado de palmatória, que assim ficava até a comunhão, para significar a presença real de Cristo na Eucaristia.

Nesses felizes tempos medievais em que florescia a fé foram compostos vários hinos ao Santíssimo Sacramento cantados até hoje, ou, pelo menos, até que a desordem progressista não os bloqueou. É de se esperar que essa sabotagem não dure muito.

São Tomás de Aquino, Vaticano

Entre esse hinos fiéis reflexos do dogma católico figura o Ave Verum em posição de destaque.

Ele cantava-se especialmente após a Consagração, quando o verdadeiro corpo de Cristo estava realmente presente no altar, pois o hino começa “Salve, ó verdadeiro corpo”.


Ele fez outros hinos também famosíssimos, cheios de lógica e unção, consagrados a Cristo Sacramentado.


Citemos, pelo menos, o Pange língua, o Verbum supernum prodiens, o Sacris solemnis, o Adoro te devote e a não menos divinamente inspirada seqüência Lauda, Sion, Salvatorem.

Eis o texto do Ave Verum, com sua tradução ao português e sua partitura (gregoriano):

Clique aqui para ouvir (Coro da TFP americana):


Ave verum corpus natum de Maria Virgine
Salve, ó verdadeiro corpo nascido da Virgem Maria

Vere passum, immolatum in cruce pro homine
Que verdadeiramente padeceu e foi imolado na cruz pelo homem

Cuius latus perforatum fluxit aqua et sanguine
De seu lado transpassado fluiu água e sangue

Esto nobis praegustatum mortis in examine
Sê para nós remédio na hora tremenda da morte

O Iesu dulcis, o Iesu pie, o Iesu fili Mariae.
Ó doce Jesus, ó bom Jesus, ó Jesus filho de Maria.

As exclamações finais foram objeto de pequenas adaptações segundo as dioceses.

Fonte: Pe. Manuel Jesús Carrasco Terriza, “Cuerpo de Cristo, arte y vida de la Iglesia”.

O AVE VERUM em gregoriano, monges de Santo Domingo de Silos :



AVE VERUM segundo Wolfgang A. Mozart (interpretação do Coro do King's College, Inglaterra :

4 comentários:

  1. Juarez Batista Leite3 de abril de 2012 às 23:05

    Como nos tempos de hoje faz falta textos como estes.E que bom saber que apesar do intenso e nefasto secularismo em que o mundo está mergulhado a água cristalina da verdadeira doutrina católica escorre pelas poucas brechas que se mantêm abertas ao jorro invencível, proveniente da Fonte de Água Viva,como é um site desta natureza.Parabéns e Feliz Páscoa para todos vocês que fazem "Orações e Milagres Medievais".

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  2. Realmente é uma maravilhosa relíquia que expressa sentimentos puros e nobres. Que seria da tradição católica no Brasil sem essas verdadeiras joias de piedade? Parabéns aos senhores discípulos do SR. Dr. Plínio Correa de Oliveira.

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  3. MUITO GRATA PELA MENSAGEM.
    CREIO MUITO NO SANTÍSSIMO SACRAMENTO.
    QUANDO ADOLESCENTE, MORAVA NO INTERIOR DA BAHIA E ASSISTIA ÀS MISSÕES QUE TODO ANO ACONTECE POR LÁ E UMA IMAGEM ME MARCOU E ME EMOCIONOU MUITO, QUANDO VI O CARDEAL DOM JOSÉ NICODEMOS GROSS ERGUER O SANTÍSSIMO SACRAMENTO NO AR, TODOS FIZERAM SILÊNCIO E EU FIQUEI EMOCIONADA. NUNCA ME ESQUECI.
    MUITO GRATA, VALDELICE

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  4. Obrigado por toda a informação que noa trás.
    Há muito mais, mas, já assim é muito bom.
    Sigo-vos há anos. Obrigado

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