domingo, 1 de agosto de 2021

Jeremias lamenta o abandono da cidade sagrada

Profeta Jeremias, igreja de Santa Maria de Castro, Leicester
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Lamentações do Profeta Jeremias, 1




1. Alef. Como está abandonada a cidade tão povoada! Assemelha-se a uma viúva a grande entre as nações. Rainha entre as províncias, ficou sujeita ao tributo.

2. Bet. Ela chora pela noite adentro, lágrimas lhe inundam as faces, ninguém mais a consola de quantos a amavam. Seus amigos todos a traíram, e se tornaram seus inimigos.

3. Guimel. Judá partiu para o exílio em miséria e dura servidão. Habita entre as nações sem achar repouso. Atingiram-no seus perseguidores entre as suas fronteiras.

4. Dalet. Estão de luto os caminhos de Sião, e ninguém mais vem às suas festas. Suas portas todas estão desertas, gemem seus sacerdotes, afligem-se as virgens, e ela mesma vive na amargura.

5. He. Apossaram-se dela seus opressores, e tranqüilos vivem seus inimigos, pois o Senhor a aflige por causa do número de seus crimes.

Partiram cativos os seus filhos diante do opressor.

6. Vau. Desapareceu da filha de Sião toda a sua glória. Seus príncipes se tornaram como cervos que não encontraram pastagens e que fogem, esgotados, diante dos que os perseguem.

7. Zain. Nestes dias de males e vida errante, recorda-se Jerusalém das delícias dos tempos idos.

Agora que seu povo sucumbiu sob os golpes do inimigo e ninguém vem socorrê-la! Olham-na seus inimigos, e zombam de sua devastação.

8. Het. Graves foram os pecados de Jerusalém: ela ficou uma imundície. Quem a honrava, agora a despreza porque lhe viram a nudez. E ela geme e esconde o rosto.

9. Tet. Vê-se sua mancha sobre suas vestes. Ela não previra esse fim. É imensa a sua decadência, e ninguém vem consolá-la.

Olhai, Senhor, para a minha miséria, porque o inimigo se ensoberbece.

10. Iod. O adversário lançou a mão sobre todos os seus tesouros. E ela viu os pagãos penetrarem em seu santuário, aqueles dos quais dissestes que não entrariam em vossa assembleia.

11. Caf. Geme todo o seu povo à procura de pão. Por víveres troca suas joias a fim de recuperar as forças. Vede, Senhor, e considerai o aviltamento a que cheguei!

12. Lamed. Ó vós todos, que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual à dor que me atormenta, a mim que o Senhor feriu no dia de sua ardente cólera.

13. Mem. Até aos meus ossos lançou ele do alto um fogo que os devora. Sob meus passos estendeu redes e me fez cair violentamente, enchendo-me de pavor.

Eu ando amargurado o dia inteiro!

14. Nun. O jugo dos meus crimes está ligado pelas suas mãos. Pesa-me ao pescoço um feixe que faz vacilar minha força.

O Senhor me entregou em mãos das quais não posso libertar-me.

15. Samec. Rejeitou o Senhor todos os bravos que viviam em meus muros. Enviou contra mim um exército a fim de abater minha jovem elite.

O Senhor esmagou no lagar a virgem, filha de Judá.

16. Ain. Eis o motivo por que choro; fundem-se em lágrimas os meus olhos, porque ninguém a meu lado me consola, nem me alenta.

Vivem consternados os meus filhos, porque triunfa o inimigo.

17. Pe. Sião estende as suas mãos sem que ninguém a console. Mandou o Senhor contra Jacó inimigos sem conta. Jerusalém se tornou entre eles objeto de aversão.

18. Sade. O Senhor é justo, porque fui rebelde à sua voz. Escutai todos vós, ó povos, e vede a minha dor.

Minhas virgens e meus jovens foram conduzidos para o exílio.

19. Cof. Implorei a meus amigos e eles me iludiram. Meus sacerdotes e os anciãos pereceram na cidade enquanto buscavam alimento para revigorar as forças.

20. Res. Vede, Senhor, a minha angústia! Tremem minhas entranhas, e meu coração está perturbado por causa de minhas revoltas.

De fora mata a espada, de dentro alastra a morte.

21. Sin. Meus suspiros são ouvidos sem que ninguém me console.

Meus inimigos, vendo minha ruína, sentem-se felizes com a vossa intervenção.

Fazei vir o dia por vós predito! Que a mesma sorte lhes advenha!

22. Tau. Que todos os seus crimes vos estejam presentes!

Tratai-os como a mim me tratastes por todos os meus crimes!

Porque não cessam meus gemidos, e está doente meu coração.

Vídeo: Lamentação III do profeta Jeremias. In Coena Domini




Música: Tomás Luis de Victoria (Ávila, 1548 - Madrid, 1611)
Antifonario mozárabe de Silos. Siglo IX. Espanha.




GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS HEROIS CONTOS CIDADE SIMBOLOS
Voltar a 'Glória da Idade MédiaAS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário! Escreva sempre. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.