Santo Antonio de Pádua e o milagre da mula, Joseph Heintz o jovem (1600-1678) Basilica dei Santi Giovanni e Paolo, Veneza |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Santo Antônio de Pádua (1195 — 1231) pregou enfrentando grandes contrariedades e lutas.
A Igreja era fortemente contestada por movimentos heréticos que não aceitavam a presença real de Nosso Senhor na Eucaristia, segundo lembrou a agência Zenit.
Entre esses opositores militavam hereges cátaros, patarines e valdenses.
Na cidade italiana de Rimini, o líder do erro cátaro, de nome Bonovillo, foi particularmente insultante.
Por volta do ano 1227 ele desafiou a Santo Antônio que provasse com um milagre a presença real do Corpo de Cristo na Eucaristia.
A provocação resultou no famoso “milagre eucarístico de Rimini”, ou “milagre da mula”, acontecido nessa capital da Emília-Romagna.
O desafio e o milagre conseguinte ficaram consignados em vários livros históricos – entre os quais o Benignitas, uma das primeiras fontes sobre a vida do santo – que narram episódios análogos acontecidos também em Toulouse e em Bourges.
A antiga biografia A Assídua traz as palavras exatas de Bonovillo no ‘desafio’, citadas pelo site “Miracoli Eucaristici”:
A igreja que lembra o milagre e
na frente o templete no local exato da praça
“Vou manter trancada – disse ele – uma das minhas bestas por três dias, para lhe fazer sentir a pontada da fome.
“Depois de três dias, vou trazê-la a público e vou lhe mostrar a comida preparada.
“Você virá com o que você acha que é o Corpo de Cristo.
“Se o animal, negligenciando a forragem, se apressar em adorar o teu Deus, compartilharei a fé da tua Igreja”.
Teria sido imprudente aceitar uma provocação de tão baixo nível, mas o santo agiu com inspiração sobrenatural.
O encontro foi marcado na Praça Grande (atual Praça dos Três Mártires), atraindo uma multidão enorme de curiosos.
No dia combinado, Bonovillo apareceu com a mula e com a cesta de forragem.
Após ter celebrado a Missa, chegou Santo Antônio à praça, trazendo em procissão a Hóstia consagrada dentro do ostensório.
Voltando-se para a mula, disse estas palavras:
“Em virtude e em nome do seu Criador, que eu, embora indigno, seguro em minhas mãos, digo-te e ordeno-te:
“avança prontamente e presta homenagem ao Senhor com o devido respeito, para que os ímpios e hereges entendam que todas as criaturas devem se humilhar diante de seu Criador, a quem os sacerdotes seguram nas mãos sobre o altar”.
Santo Antonio e o milagre da mula que adorou o Santíssimo Sacramento, anônimo, Museu do Prado |
A mula inclinou os joelhos e a cabeça, provocando a admiração e o entusiasmo dos presentes.
O blasfemo oponente, ao ver o milagre, jogou-se aos pés de Santo Antônio e abjurou publicamente os seus erros, tornando-se a partir daquele dia um dos mais fervorosos cooperadores do Santo.
Em memória desse episódio foi construída na Praça Três Mártires uma igrejinha dedicada a Santo Antônio com uma capela que a precede, obra de Bramante (1518).
A capela, no entanto, foi arrasada durante a Segunda Guerra Mundial.
Hoje, ao lado do Santuário de São Francisco de Paula, pode-se visitar uma nova igreja denominada templete, consagrada no dia 13 de abril de 1963 em substituição à originária.
Um tabernáculo de prata dourada reproduz o pequeno templo exterior, e um painel do altar em bronze mostra o milagre da mula.
A igrejinha é sede da Adoração Eucarística perpétua.
O milagre da mula aparece representado na iconografia de Santo Antônio desde o século XIII.
O milagre também impulsionou o movimento eucarístico que deu na instituição da festa solene do Corpus Christi pelo Papa Urbano IV em 1264.
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