domingo, 11 de março de 2018

Comentário ao “Vinde Espírito Santo”

Pentecostes. Iluminura da coleção da
University of Califórnia - Berkeley, UCB 059
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Em post anterior -- O hino "Vinde, Espírito Santo": quando reis disputavam em piedade com cardeais e Papas -- reproduzimos alguns dados históricos da famosa “seqüência” (um tipo de hino) “Veni Sancte Spiritus” (“Vinde, Espírito Santo”) cantada na festa de Pentecostes.

Será sempre útil um comentário sobre o valor e a utilidade dessa oração. É o que reproduzimos a continuação.

O bom espírito, o espírito reto, o senso católico é um dom de Deus. Não é uma coisa que o homem encontre com o mero exercício de sua inteligência, mas é algo que sua inteligência encontra movida e vivificada por um dom interno de Deus, que procede do Divino Espírito Santo.

Razão pela qual os homens pedem a Deus o espírito reto por meio da oração, com muita insistência, empenho e humildade, persuadidos que sem um dom celeste, não conseguirão.

Todo bom movimento da alma visando a virtude sobrenatural nos vem da graça de Deus, e essa graça é preciso pedi-la.

Não podemos ter a presunção de que o mero exercício de nossa inteligência é suficiente. Então, pedimos: “Vinde, Espírito Santo”.

Nós temos de pedir que o Divino Espírito Santo venha a habitar dentro de nossa alma com uma intensidade e com uma plenitude cada vez maior,.

Pela habitação do Espírito Santo, nosso espírito se torna capaz dos grandes pensamentos, volições, generosidades, percepções, resoluções, que sem o Espírito Santo é absolutamente impossível praticar.

A alma batizada é um templo onde está permanentemente o Espírito Santo. Quando o Anjo disse a Nossa Senhora que Ela era cheia de graça, disse que Ela era um vaso de eleição que transbordava do Espírito Santo.

A alma de todo santo transborda do Espírito Santo. Nela acaba não havendo a não ser Ele.



Pentecostes, iluminura da Spencer Collection Ms 152
Então, o “Veni Sancte Spiritus” pede um dom excelente: "Enchei os corações de vossos fiéis".

Seguido de um outro pedido: “E neles acendei o fogo de vosso amor”.

É o pedido de que o Divino Espírito acenda em nós o fogo do amor de Deus, das coisas sobrenaturais, da apetência pela boa doutrina, pela virtude, pela generosidade, a luta e a contemplação.

O Espírito Santo é a chama que acende esse pavio que somos nós.

Quantas pessoas ficam desoladas e dizem: “Faço esforços, medito, mas não tomo amor às coisas católicas! A minha alma parece uma alma árida e seca, um deserto sem água...”

Por que isto? É porque está esperando essas qualidades de si própria. Não devo esperar de si, mas da graça de Deus.

Devo pedir, se não tenho. Peço porque não tenho. E, se tenho, peço para ter mais. Nunca na vida se deve deixar de pedir essa moção interna de Deus na alma.

Depois, o hino insiste na idéia de: “Enviai, Senhor, o vosso Espírito, e tudo será criado”.

Todo o espírito de sensualidade e de orgulho, que são o fundo do oposto, do espírito da Revolução, é estraçalhado quando Deus envia seu Espírito.

O Espírito Santo acende o espírito de humildade, de hierarquia, de pureza.

Um sopro do Divino Espírito Santo pode acabar completamente com o mal no mundo, quer dizer a Revolução. A Revolução é fundamentalmente um espírito mau. Desde que o Divino Espírito Santo tenha pena de nós e que queira agir, Ele pode acabar com a Revolução.

Esse pensamento aparece novamente na oração: “Deus, que pela ilustração do Espírito Santo ensinastes os corações dos fiéis, concedei-nos ‒ e aqui está a coisa importante ‒ saborear no mesmo Espírito as coisas retas e gozar sempre de vossa consolação”.

Se há uma coisa que o mundo de hoje perdeu é o sabor das coisas retas. O mundo de hoje só acha sabor na imoralidade, na agitação, na desordem, na subversão de todos os valores.

Pentecostes. Iluminura da coleção Pryce MS C1
Numa cidade como São Paulo, o que é que se está fazendo neste momento?

Vai-se longe o tempo em que os homens encontravam distração, entretenimento, atrativo, estabilidade de alma na consideração das coisas retas.

As coisas retas hoje são tidas como insípidas. O mundo não compreende a delícia das coisas retas, e sobretudo daquelas mais altas que nos levam para o Céu, que nos dirigem para Deus.

Esse sabor das coisas retas, do que é honesto, direito, é o Divino Espírito Santo que nos dá, e devemos pedir que seja restaurado em nós.

Uma relação entre isso e Nossa Senhora:

Ela é a Esposa do Divino Espírito Santo. E como Esposa perfeitíssima e fidelíssima, o Espírito Santo encontra n’Ela a plenitude de sua complacência, e a Ela não recusa coisa alguma.

Por causa disso, Ela é nossa Medianeira seguríssima junto ao Espírito Santo.

Se queremos alguma coisa do Espírito Santo, devemos pedir por meio d’Ela.

Então, pedir a Nossa Senhora especialmente o sabor das coisas retas, elevadas, sublimes, daquilo que na Terra nos fala do Céu e nós da o horror e a aridez para com as coisas que são de outra natureza.


(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, 12/3/66. Sem revisão do autor)

Clique para ouvir (Coro da TFP americana)

Eis o texto em latim (como é cantado em gregoriano) e em português:

1. Veni Sancte Spiritus, et emitte cælitus, lucis tuæ radium.
1. Vinde, Espírito Santo, e enviai do céu um raio de Vossa luz.

2. Veni pater pauperum, veni dator munerum, veni lumen cordium.
2. Vinde, pai dos pobres, vinde dispensador dos dons, vinde luz dos corações.

3. Consolator optime, dulcis hospes animæ, dulce refrigerium.
3. Consolador por excelência, hóspede da alma, nosso doce refrigério.

4. In labore requies, in æstu temperies, infletu solatium.
4. No trabalho, sois repouso; no ardor, sois calma; no pranto, consolo.

5. O lux beatissima, reple cordis intima, tuorum fidelium.
5. Ó luz beatíssima, penetrai até o fundo do coração dos que vos são fiéis.

6. Sine tuo numine, nihil est in homine, nihil est innoxium.
6. Sem vossa graça, nada há no homem, nada que não lhe seja nocivo.

7. Lava quod est sordidum, rega quod est aridum, sana quod est saucium.
7. Lavai o que é impuro, fecundai o que é estéril, ao que está ferido curai.

8. Flecte quod est rigidum, fove quod est frigidum, rege quod est devium.
8. Dobrai o rígido, aquecei o que é frio e o que se extraviou, guiai.

9. Da tuis fidelibus, in te confidentibus, sacrum septenarium.
9. Dai aos que vos são fiéis e em vós confiam, os sete dons sagrados.

10. Da virtutis meritum, da salutis exitum, da perenne gaudium. Amen.
10. Dai-lhes o mérito da virtude, a salvação no termo da vida, a eterna felicidade.



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2 comentários:

  1. Amanhã e Pentecostes, quando fizer esta oração farei com maior devoção. Obrigado!

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  2. missão da Igreja Católica é sempre nós ensinar...tudo se perde mas a fé em Deus tudo se encontra !

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