domingo, 1 de novembro de 2015

1º de novembro, festa de todos os Santos
que se difundiu a partir dos séculos VIII-IX

Santos no Céu. Detalhe da Coroação de Nossa Senhora, rainha do Céu. Galeria degli Uffizi, Florença. Fra Angelico (1395 – 1455).
Santos no Céu. Detalhe da Coroação de Nossa Senhora, rainha do Céu.
Galeria degli Uffizi, Florença. Fra Angelico (1395 – 1455).



Iniciou-se a celebrar a festa de todos os santos até em Roma desde o século IX.

Uma única festa para todos os Santos, ou seja, para a Igreja gloriosa intimamente unida à Igreja ainda peregrina e sofredora.

Hoje é uma festa de esperança: “a assembleia festiva dos nossos irmãos” representa a parte eleita e seguramente exitosa do povo de Deus.

Chama-nos atenção para o nosso fim e para a nossa vocação verdadeira: a santidade, à qual todos nós somos chamados, não por meio de obras extraordinárias, mas com o cumprimento fiel da graça do batismo.

Do ‘Discursos’ de São Bernardo, abade


A que serve, então, o nosso louvor aos santos, a que serve o nosso tributo de glória, a que serve esta mesma nossa solenidade?

Porque a eles as honras desta mesma terra quando, segundo a promessa do Filho, o Pai celeste os honra? Para que, então, nossas homenagens a eles?

Os santos não precisam de nossas honras e nada vem para eles do nosso culto.

É claro que, quando veneramos a memória deles, operamos em nosso benefício, não no deles!



De minha parte, devo confessar que, quando penso aos santos, me sinto arder de grandes desejos.

O primeiro desejo que a memória dos santos suscita ou estimula mais em nós é o de gozar da companhia tão doce deles e de merecer sermos concidadãos e familiares dos espíritos beatos.

De nos encontrarmos juntos na assembleia dos patriarcas, nas fileiras dos profetas, no senado dos apóstolos, nos exércitos numerosos dos mártires, na comunidade dos confessores, nos coros das virgens; de estar, em suma, reunidos e felizes na comunhão de todos os santos.

Nos espera a primitiva comunidade dos cristãos, e nós nos desinteressaríamos? Os santos desejam ter-nos entre eles e nós nos mostraríamos indiferentes?

Os justos nos esperam, e nós não tomaríamos cuidado? Não, irmãos, despertemos de nossa deplorável apatia.

Ressurjamos com Cristo, busquemos as coisas do alto, daquelas provemos. Sintamos o desejo daqueles que nos desejam, apressemo-nos em direção daqueles que nos esperam, antecipam com os votos da alma a condição daqueles que esperam por nós.

Não apenas devemos desejar a companhia dos santos, mas também de possuirmos a felicidade deles.

Enquanto, portanto, ansiamos de estar com eles, estimulemos em nosso coração a aspiração mais intensa de compartilhar com eles a glória.

Esta avidez não é por certo inapropriada, porque tal fome de glória não é nada perigosa.

Há um segundo desejo que é suscitado em nós pela comemoração dos santos, e é aquele de que Cristo, em nossa vida, se mostre também a nós como a eles, e também façamos com Ele a nossa aparição na glória.

Enquanto isto, o nosso chefe se apresenta a nós não como é agora no Céu, mas na forma que quis assumir para nós aqui na terra.

O vemos, portanto, coroado de glória, mas circundado pelos espinhos de nossos pecados.

Envergonhe-se então todo membro de fazer ostentação de requinte debaixo de um chefe coroado de espinhos. Compreenda que as suas elegâncias não lhe fazem honra, mas o expõem ao ridículo.

Os Santos no Céu. Predella della pala di Fiesole, detalhe. National Gallery de Londres. Fra Angelico (1395 – 1455).
Os Santos no Céu. Predella della pala di Fiesole, detalhe.
National Gallery de Londres. Fra Angelico (1395 – 1455).
Chegará o momento da vinda de Cristo, quando não se anunciará mais a sua morte. Então, saberemos que nós também estaremos mortos e que a nossa vida é escondida com Ele em Deus.

Então, Cristo aparecerá como chefe glorioso e com Ele brilharão os membros glorificados. Então, transformará o nosso corpo humilhado, tornando-o semelhante à glória do chefe, que é Ele mesmo.

Nutramos, assim, livremente a avidez pela glória. Temos todo o direito. Mas para que a esperança de uma felicidade tão incomparável se torne realidade, nos é necessário o socorro dos santos.

Solicitemo-lo atenciosamente. Assim, por intercessão deles, chegaremos lá onde sozinhos não poderíamos nunca pensar em chegar.

(São Bernardo, Disc. 2; Opera omnia, ed. Cisterc. 5 [1968] 364-368)

(Fonte: Monges Beneditinos Silvestrinos. Tradução: Giulia d’Amore di Ugento).


Video: Ladainha de Todos os Santos (gregoriano)






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