domingo, 4 de dezembro de 2016

No século XIII, São Francisco de Assis
iniciou o costume de fazer presépios vivos no Natal

Relíquias do presépio de Belém, em artística urna. Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma.
Relíquias do presépio de Belém, em artística urna.
Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




A celebração da festa de Natal remonta aos primeiros séculos da Igreja, sendo uma comemoração especificamente católica.

Desde o século IV as relíquias da manjedoura da gruta de Belém são veneradas na basílica de Santa Maria Maggiore em Roma.

Elas se encontram num precioso relicário de ouro e cristal (foto ao lado), onde podem ser admiradas e adoradas por todos.

A liturgia própria da festa era chamada ad praecepe, de onde vem a palavra presépio, e que significa literalmente em volta do berço.



Sao Francisco de Assis, primeiro presepio vivo, Grecchio, Benozzo Gozzoli, 1452, Montefalco
São Francisco de Assis, no primeiro presépio vivo, em Grecchio, Itália.
Benozzo Gozzoli, 1452, Montefalco
Em 1223, São Francisco de Assis criou o primeiro presépio vivo, com personagens reais, na sua igreja de Grecchio, na Itália.

Os figurantes (o Menino Jesus numa manjedoura, Nossa Senhora, São José, os Reis Magos, os pastores e os anjos) eram representados por habitantes da aldeia.

Os animais, o boi, o burrico, as ovelhas e outros, também eram reais.

Este piedoso costume medieval espalhou-se rapidamente.

Os primeiros presépios em escala reduzida com imagenzinhas, entraram nas igrejas no século XVI por obra dos padres jesuítas.

Nessa época os jesuítas eram heróis na luta contra o protestantismo seco e hirsuto que desconhece o presépio e os seus imponderáveis divinos que enchem as almas de gáudio.

Presépio francês feito com 'santons'. Col. part.
Por volta dos séculos XV e XVI ficaram famosos os presépios de Nápoles, Itália, pela proliferação de figurinhas.

No início do século XIX, após a anticatólica Revolução Francesa, na França pareceu que o costume tinha morrido.

Mas, os habitantes da região de Provence (sul) deram novo impulso a esta piedosa devoção a partir de 1803 em casas particulares e igrejas criando famosos santons (figurinhas de massa) que representam os personagens da creche.

Na hora de montar o presépio, em geral, deixa-se a manjedoura vazia.

Nela, o Menino Jesus será instalado na noite do dia 24 para o 25.

Forma parte de o costume colocar uma estrela no topo do presépio.

Presépio francês feito com 'santons'. Col. part.
Presépio francês feito com 'santons'. Col. part.
Ela nos lembra a estrela que no céu guiou os três santos reis de Oriente vindos venerar o Salvador do mundo.

Os três Reis Magos (Gaspar, Melchior e Balthazar), simbolizam o conjunto dos povos da terra.

Em geral, são representados com camelos, ou até elefantes e dromedários que lhes teriam servido de montaria.

É um costume muito praticado, colocá-los longe da creche e, dia após dia, aproximá-los dela, até introduzi-los na gruta na festa da Epifania (6 de janeiro).

Epifania significa a irradiação da glória externa de Deus, precisamente posta em relevo pela adoração dos potentados de Oriente.

A presença dos anjos é de rigor, relembrando o cântico angélico “Glória a Deus nos Céus e paz na terra aos homens de boa vontade” de que nos falam as Escrituras.



GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS HEROIS CONTOS CIDADE SIMBOLOS
Voltar a 'Glória da Idade MédiaAS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

3 comentários:

  1. Saudações,
    Muito bonito o texto e tremendamente oportuno!
    No natal muitos lembram do Papai Noel, aquela figura parecida com um Duende e se esquecem do verdadeiro sentido do natal.
    Eu mesmo não sabia de alguns detalhes que o presente texto me deu a oportunidade de conhecer!
    Muito Obrigado ao autor!
    Continue nos premiando com estes maravilhosos textos.
    Ass: Maximiano Henrique Rebequi dos Santos

    ResponderExcluir
  2. devo acrescentar ao texto que, apenas em portugal o presépio portugues nao tem interesse, mas comparado inclusivé com o presépio napolitano, são absolutamente fascinantes. acrescento ainda, citando o professor alexandre nobre pais, "Os presépios portugueses so século XVIII foram dos mais interessantes no panorama europeu da sua época, devendo, a sua execução, menos a influências externas do que ao engenho próprio, alicerçado prioritariamente na então já longa tradição nacional das figuras policromas moldadas em barro." in O Presépio em Portugal, 2007, pág. 7.

    ResponderExcluir
  3. Sempre fui fascinado por presépios. Os mais simples falam mais ao coração. Essa forma piedosa de catequese encanta corações de crianças e adultos.
    Claudemir Nery
    Uberaba-MG

    ResponderExcluir

Obrigado pelo comentário! Escreva sempre. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.