Jesus, piedoso pelicano que da Seu Sangue para alimentar os filhotes. Igreja Nossa Senhora das Dores. Phoenix, Arizona |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Das festas em que se honra Nosso Senhor Jesus Cristo, talvez nenhuma fala tanto ao espírito e impressione tão profundamente, quanto a festa do Preciosíssimo Sangue.
É claro que tais reações são individuais e dependem do modo da graça tocar cada pessoa.
O sangue é uma parte de nossa pessoa e deve-se ao Sangue de Cristo toda a adoração que se deve ao próprio Cristo.
É condição natural do sangue estar dentro do organismo de maneira que toda efusão apresenta um caráter catastrófico.
Numerosas doenças se anunciam por uma perda de sangue. É uma desordem-desastre, um sinal de alarme violento de que as condições orgânicas não estão boas.
O sangue vertido fala-nos da luta e do crime. O sangue de Abel, vertido por Caim segundo a Escritura subia a Deus clamando por vingança.
O sangue derramado pelo crime, aponta uma dilaceração profunda do ser que nos dá a ideia de algo de injusto, violento, iníquo, uma perturbação profunda que clama a Deus pelo restabelecimento da ordem.
Quando pensamos no Sangue infinitamente Precioso de Nosso Senhor Jesus Cristo, consideramos q Ele foi gerado no seio de Nossa Senhora, e sai de Seu Santíssimo Corpo de onde nunca deveria ter saído, como o vinho que sai da uva.
Esse é o sangue de Davi, de Maria, do Homem-Deus e que, por atos de violência deicida inomináveis, pela flagelação, pela coroação de espinhos, pela cruz carregada, pelos tormentos da alma quando Nosso Senhor, na agonia, começou a sofrer e que o sangue transudava de todo o seu Corpo.
“Ninguém prova mais a amizade do que dando a vida por seu amigo” |
O mal é capaz de tudo, das piores infâmias e contra ele, se podem empregar todas as violências preventivas segundo a Lei de Deus e dos homens.
Tudo quanto é otimismo bobo, deixar para depois, é um verdadeiro crime, porque até lá o mal foi capaz de ir e, portanto, ele foi capaz de tudo.
Esta consideração é muito desagradável para a nossa índole bonacheirona, dulçurosa, amiga de pactuar, inimiga das divisões.
Mas, devemos meditar, diante do Precioso Sangue, até onde a Revolução vai.
A Revolução não recua diante de nada, ela se voltou contra o Homem-Deus.
Diante do Sangue derramado é importante notar a misericórdia de Deus, que quis derramar numa abundância inaudita.
Todo o Sangue que havia no Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo foi derramado, sem reserva de uma só gota, pelo imenso desejo de Nosso Senhor de nos salvar.
Uma gota de Seu Sangue teria servido para tudo, mas Ele derramou todo o sangue que tinha.
A tal ponto que, ainda aquilo que lhe restava, na lança com que Longino lhe cravou, foi vertido juntamente com água. Ele quis que dEle não restasse nada, para nos remir.
Essa abundância de sangue, de sofrimento, essa entrega completa de si, lembra uma palavra de Nosso Senhor: “Ninguém prova mais a amizade do que dando a vida por seu amigo”.
Ora, no cerne da festa do Preciosíssimo Sangue está essa afirmação: “ninguém pode ser mais amigo de cada um de nós do que aquele que dá a vida por nós”.
Ele fez mais, porque quis sofrer toda a morte das pancadas, da angústia em cada gota de sangue que ia saindo de seu corpo sagrado.
Cada gota de sangue que caia era uma pequena morte. Ele quis passar por todas essas pequenas mortes para mostrar até que ponto infinito Ele tinha amizade a nós.
Procissão do Preciosíssimo Sangue, em Weingarten, Alemanha |
Cobrindo-nos de Seu Sangue e apresentando-nos ao Padre Eterno pedindo perdão para nós, devemos ter confiança de que obteremos.
Mas, por outro lado, mostra o horror do destino eterno do condenado. Para evitar essa condenação eterna, Nosso Senhor chegou até esse ponto.
Então, medimos a profundeza do inferno considerando uma gota do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Qualquer consideração sobre o Sangue de Cristo nos faz lembrar as lágrimas de Maria. E depois da Eucaristia.
Nosso Senhor não quis que Nossa Senhora vertesse uma gota de Seu sangue. Permitiu tudo contra Ele, mas não permitiu que as potências do mal tocassem sequer com a ponta do dedo em Sua Mãe Imaculada.
Ela não teve tormento físico. A Redenção viria inteira do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Mas Nossa Senhora verteu uma forma de sangue: foram Suas lágrimas.
As lágrimas são o sangue da alma. E Ela sofreu toda a dor da morte dEle nas lágrimas dEla que se juntaram a esse Sangue.
Foi o primeiro tributo da Cristandade para completar aquilo que Deus quis que fosse completado em Sua Paixão, pelo sofrimento dos fiéis, para que as almas se salvassem em quantidade.
Representação piedosa do momento tremendo do golpe no corpo exânime de Jesus Cristo Passo da Hermandad de la Lanzada, Semana Santa, Sevilha. |
Então, quando recebermos o Corpo e Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, devemos nos lembrar disso.
Esse Precioso Sangue, derramado por nós, é por nós recebido na Comunhão.
Ele entra dentro de nós como o sangue de Abel, não para clamar castigo, mas para clamar misericórdia por nós.
Então, recebermos a Eucaristia com muita confiança, com muita alegria, porque recebemos o Sangue de Cristo que sobe ao céu e brada pedindo por nós.
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de palestra de 1° de julho de 1965; apud Pliniocorreadeoliveira.info).
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