Alma de Cristo, santificai-me. Corpo de Cristo, salvai-me. Sangue de Cristo, inebriai-me. Água do lado de Cristo, lavai-me. Paixão de Cristo, confortai-me. Ó bom Jesus, ouvi-me. Dentro de Vossas chagas, escondei-me. Não permitais que me separe de Vós. Do espírito maligno, defendei-me. Na hora da minha morte, chamai-me. E mandai-me ir para Vós, para que Vos louve com os vossos Santos, por todos os séculos dos séculos. Amém. VEJA MAIS E OUÇA
Escritor, jornalista,
conferencista de
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sócio do IPCO,
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O “gregoriano” é o canto oficial da Igreja. Foi compilado, organizado e regulamentado pelo Papa São Gregório Magno (540-604). (Mais em: Gregoriano).
Desde então, há mais de 1.400 anos vem sendo cantado em catedrais, igrejas e mosteiros católicos.
Canta-se em latim.
É um canto de uma só voz, sem acompanhamento, que exprime cuidadosamente o significado profundo das palavras, transmitindo uma alegria serena que sobe diretamente ao Céu; um recolhimento que exclui todas as coisas da Terra, sem agitação nem folia, dizendo com toda naturalidade o que tem a dizer.
Em cada uma das palavras cantadas está contida uma catedral de significados e imponderáveis. Cada palavra reflete a ordem do universo como uma catedral sonora.
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A cerimônia de quarta-feira de Cinzas dá início ao período litúrgico denominado Quaresma.
O nome Quaresma indica os quarenta dias antes da Páscoa de Ressurreição (sem contar os domingos) ou quarenta e seis dias (contando os domingos).
São 40 dias de penitência e de jejum, e de arrependimento para preparar os homens para as cerimônias da morte sagrada de Nosso Senhor Jesus Cristo e sua gloriosa Ressurreição!
Os dias são quarenta imitando o exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo que foi ao deserto para jejuar essa quantidade de dias antes de entrar na vida pública.
Tentação na montanha, Duccio di Buoninsegna (1255-1319), Frick Collection, New York
No fim da quarentena, Satanás foi tenta-Lo segundo narra o Evangelho de São Mateus:
“1. Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto para ser tentado pelo demônio.
2. Jejuou quarenta dias e quarenta noites. Depois, teve fome.
3. O tentador aproximou-se dele e lhe disse: Se és Filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pães.
4. Jesus respondeu: Está escrito: Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus (Dt 8,3).
5. O demônio transportou-o à Cidade Santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e disse-lhe:
6. Se és Filho de Deus, lança-te abaixo, pois está escrito: Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; proteger-te-ão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma pedra (Sl 90,11s).
7. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus (Dt 6,16).
8. O demônio transportou-o uma vez mais, a um monte muito alto, e lhe mostrou todos os reinos do mundo e a sua glória, e disse-lhe:
9. Dar-te-ei tudo isto se, prostrando-te diante de mim, me adorares.
10. Respondeu-lhe Jesus: Para trás, Satanás, pois está escrito: Adorarás o Senhor teu Deus, e só a ele servirás (Dt 6,13).
11. Em seguida, o demônio o deixou, e os anjos aproximaram-se dele para servi-lo.” (São Mateus, 4, 1-11).
As cinzas que os católicos recebem neste dia simbolizam o dever da conversão, do arrependimento dos pecados, da penitência, lembrando a passageira, transitória, efêmera fragilidade da vida humana, que vai se encerrar com a morte.
As Cinzas provenientes da queima das palmas do Domingo de Ramos anterior.
As cinzas procedem da queima dos ramos do Domingo de Ramos do ano anterior conservadas piedosamente nos lares como um sacramental.
Nesse dia, a Igreja Católica lembra aos homens que são mortais. O sacerdote faz o sinal da Cruz na testa de cada fiel com essas cinzas. Normalmente eles as conservam na testa até o pôr do sol.
Enquanto aplica as cinzas, o padre pronuncia uma fórmula que se encontra no Gênese e contém as palavras de Deus a Adão após esse ter cometido o pecado original e ter ficado submetido à morte: Lembrate que “és pó, e pó te hás de tornar” (Gênesis 3, 19)
O gesto divino inspirou o simbolismo da antiga tradição bíblica de jogar cinzas sobre a cabeça como sinal de arrependimento perante Deus. É um dia de jejum e abstinência e ocorre um dia após o Carnaval.
Podemos entretanto fazer uma reflexão aplicada aos nossos dias
Mais de um pai de santo tem confessado que durante o Carnaval há uma intensificação dos recursos ao demônio e bruxaria.
O demônio é pai da mentira e seus "sacerdotes" são intensamente procurados.
O Pe. exorcista português Duarte Sousa Laara explica do ponto de vista católico como pode acontecer essa infestação ou possessão diabólica:
Nessa quarta-feira sagrada qual será a atmosfera de uma megalópole como São Paulo, após um Carnaval em que o tema mais presente foi o demônio?
Não diferirá sensivelmente da miserável atmosfera dos dias de carnaval. Essa é a realidade.
Alguém ousará perguntar se os pecadores serão menos numerosos do que na Idade Média, ou nas épocas felizes em que essa cerimônia se foi constituindo?
De modo nenhum. O número de pecadores terá crescido imensamente.
Ainda pior, uma maioria da população dominadora, depreciativa, estará olhando com desdém o homem que vive segundo a lei de Deus.
Em tantíssimas igrejas nas quais penetrou a confusão pós-conciliar, o que vai se passar? Qual será a atmosfera?
Como será é tratado o pecado? Será incriminado?
Que ajuda darão essas igrejas ao pecador que cai em si mesmo e se arrepende do mal que fez?
Nada!
Tudo parece intencionado para passar a ideia de que se pode continuar no pecado sugerindo que a ofensa a Deus não tem importância.
Isso já se vê nos domingos quando a igreja está cheia.
As roupas respeitam as leis do pudor, da dignidade?
Na hora da Comunhão em que vai ser distribuído o Pão dos Anjos, toda a Igreja se aproxima para comungar. Serão anjos? É o caso de perguntar: a serem anjos, que anjos?
Todos recebem na mão a Partícula, para depois A por na boca. Comungam e voltam para casa e re-encetar a sua vida de pecado.
As cidades babilônicas estão constituídas sobre a negação da gravidade do pecado.
Se fosse só a negação, ainda seria pouco: é a inversão. A virtude é desprezada, ridicularizada, perseguida; o pecado não é apenas admitido, ele é glorificado. .
Cidades enormes onde as igrejas representam uma unidade física pequena, cidades tristemente orgulhosas e dominadoras por suas riquezas, ou cidades opressas pela miséria de alguns de seus bairros pobres.
Cerimônias penitenciais na Quaresma. Adoração da Santa Cruz na Inglaterra.
Numas e outras se cogita pouco de Deus.
A liturgia da Quarta-feira de Cinzas se foi constituindo, como grande parte da liturgia, na Idade Média.
Alguma coisa ainda se acrescentou nos primeiros séculos dos tempos modernos.
Pensemos numa cidade medieval como aparecem nas pinturas, nas iluminuras, nos pergaminhos que as representam. Cidades pequeninas, ruas estreitas, dentro de muralhas circunscritas, casas apoiadas umas nas outras...
Essas cidades viviam em torno da Igreja. A gente olha a pintura, e vê uma seta enorme, é uma torre, são duas torres, é o campanário da igreja. Em volta dela está a cidade.
Às vezes vários campanários, de várias igrejas, abadias e conventos. Em torno deles se agrupa a população.
Não são os grandes edifícios de cento e tantos andares feitos em honra de Mamon, o deus-dinheiro, para o homem possa gozar os favores de Bios, o deus da carne.
Não! São os prédios feitos para o culto de Deus.
O que se passa dentro da Igreja é fato central na vida da cidade.
Para ela afluia toda a população, e até os pecadores públicos que sabiam o que é a quarta-feira de Cinzas.
Sabiam que começou a Quaresma, quer dizer os 40 dias de penitência e de jejum, e de arrependimento para preparar os homens para as cerimônias da morte sagrada de Nosso Senhor Jesus Cristo e sua gloriosa Ressurreição!
O pecador público é o homem que comete pecados notórios na cidade.
Procissão penitencial em Sevilha na Semana Santa.
Um homem que roubou e foi visto se locupletando com o dinheiro das vítimas. Outro homem que blasfemou em público contra Deus e contra a Igreja, e continuou a blasfemar o ano inteiro.
Ou então, um outro homem ou uma outra família que à vista de todos deixou de comparecer às Missas.
Esses que estão pública e notoriamente em estado de pecado são pecadores públicos.
Na Idade Média, a opinião achava-os altamente censuráveis. O homem reto não convive com o pecador. Mantém um trato distante e frio, porque ele é inimigo de Deus, logo, ele é inimigo de cada homem, enquanto não faça penitência.
Esses pecadores compareciam à cerimônia porque achavam que andavam mal pecando. Pesava-lhes pecar e tinham vergonha do pecado cometido.
Mas não havia só pecadores públicos.
Havia aquele que cometeu pecados durante o ano, que os confessou bem ou mal, ou que não confessou.
Seu pecado ninguém conhece, mas Deus sabe. E ele está ali na hora da penitência pedindo o perdão para todos seus pecados.
Os sinos estão tocando, os pecadores públicos e privados olham para igreja que se ergue imponente mas acolhedora, lhes dizendo: “Vinde filhos. Vós pecastes, mas vinde para onde o perdão vos vem. Começai por confessar-vos, começai por arrepender-vos”.
Deus se toma a Si próprio infinitamente a sério; e Ele acompanha as ações dos homens com essa seriedade.
O pecado é profundamente sério. É execrável, é gravíssimo!
Um ricaço que cometeu um só pecado está numa situação incomparavelmente pior do que Jó no seu monturo.
O pecador pode ser punido por Deus de uma hora para outra, com penas nesta vida, desgraças inopinadas podem desabar sobre ele.
Como tudo isso é trágico!
O inferno ou o purgatório o aguardam. Uma mentira, um pecado leve: ele vai para o purgatório onde poderá ficar anos queimando.
Vídeo: Cântico dos salmos da hora Completas, Ofício Parvo de Nossa Senhora
E o inferno? As trevas eternas onde o fogo queima e não ilumina, onde os piores tormentos atazanam continuamente a criatura, e não tem mais remédio, está tudo perdido!
Então o pecador tem a noção viva do mal que ele fez, e teme. E por causa disso ele vai na igreja, pede perdão e quer fazer penitência.
O que é essa penitência, o que é esse perdão? São coisas distintas.
A Igreja não pratica confissão pública. O fiel não vai dizer diante dos outros o mal que ele fez. Mas Igreja o estimula a que ele tenha a noção da gravidade do seu pecado.
Deus, em lugar de exterminar o pecador, cochicha no ouvido dele o modo para pedir perdão!
É como um juiz que recebe o réu com uma majestade infinita, com aparato de força e de severidade tremendos, mas ao mesmo tempo manda alguém entregar ao réu um bilhete que diz: “Se pedires ao juiz assim na sinceridade de tua alma, o juiz te atenderá!”
E o réu caminha para Deus Juiz com oração ditada pelo mesmo Deus Juiz!
Maior misericórdia não se pode imaginar. Deus fala por meio dos profetas do Antigo Testamento, Ele dá palavras por onde o homem reconhece o seu pecado, e pede perdão.
Então, do fundo da Igreja, se arrastando, vem o mísero cortejo dos pecadores oficiais entoando o Salmo 50:
Frade dominicano rezando
“Tende compaixão de mim ó Deus, segundo a Vossa grande misericórdia; e segundo a multitude de Vossas bondades, apagai a minha falta. Porque eu conheço o mal que eu fiz, o meu pecado está de pé continuamente contra mim”...
Eles rezam pedindo perdão alentados pela oração que o Juiz lhe ensinou. “Reze assim! Meu filho, sinta isto, que eu me tornarei teu amigo!”
A penitência é jejuar, passar a pão e água, fazer coisas duras como forma de expiação.
Quando o pecador compreende o mal de seu pecado, e vê quanto Deus odeia o seu pecado, ele percebe a pureza de Deus. E percebendo a pureza infinita de Deus, como pode ele não se entusiasmar?
Na quarta-feira de Cinzas devemos pedir o horror aos nossos pecados e o amor reverente transido pela execração que Deus tem aos nossos pecados.
Devemos pedir a Deus o ódio ao nosso pecado. Devemos pedir a Deus que nos conceda a misericórdia, sem a qual nós na presença dEle não somos capazes de nos manter.
Assim nós nos aproximamos da misericórdia.
O fecho do que eu estou dizendo, tem um nome, e esse nome é Maria!
O homem não obtém nada disso se Maria Santíssima não pedir por ele. Nada.
Por vontade de Deus, Ela é a Medianeira necessária de todas as nossas orações até Ele, e de todas as graças que baixam dEle para nós.
Se nós temos arrependimento de nossos pecados, foi Ela que pediu.
Se nós temos vontade de fazer penitência, foi Ela que pediu.
Se nós tivermos força para executar a penitência que devemos, é Ela que nos pedirá essa força.
No fim, feita a penitência, nós nos sentiremos reconciliados com Deus.
Ela é o sorriso de Deus para nós. Como filhos de Nossa Senhora nós devemos terminar essa reflexão, rezando: “Salve Rainha Mãe de Misericórdia...!
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de palestra de 2.3.1984 sem revisão do autor)
Vídeo: Salmo penitencial 50 Miserere Senhr Deus! Tende piedade de nós
Musicado pelo Pe. Gregorio Allegri (Roma, 1582 — Roma, 1652)