Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Pode-se dizer que cada século ou era histórica tem um rosto ou uma expressão fisionômica e de alma que o diferencia dos demais.
E a Idade Média, na sua longa duração e na sua riquíssima variedade de eventos nunca perdeu um traço distintivo. E esse foi o sorriso.
E um sorriso leve e espiritual que só a Idade Média foi capaz de fazer e comunicar.
E nos difícil ver essa atitude de alma em nossos tempos.
Entretanto, ela ficou impresa em inúmeros testemunhos medievais.
Um desses é a estátua de “La Vierge à l’Oiseau” (Nossa Senhora com o Menino Jesus e Este com um pequeno pássaro), no exterior da igreja Nossa Senhora de Marthuret, em Riom (França).
“A primeira impressão que causa essa imagem é da relação de alma extraordinária entre os dois (o Menino Jesus e Nossa Senhora), de maneira tal que mais do que fotografar só uma alma, se fotografa as duas.
O que está extraordinariamente bem apanhado na escultura, é esta relação de alma entre os dois.
Relação de alma que tem isso de extraordinário que pega um desses momentos de familiaridade entre Mãe e Filho, em que a mãe brinca um pouquinho com o filho e este brinca um pouco com a mãe.
Sem o que a relação mãe e filho não pode ser compreendida.
Se ela nunca desfechasse num sorriso e numa brincadeira, não seria possível haver relação mãe-filho.
Por que razão?
Porque o Menino tem qualquer coisa de débil que faz sorrir a Mãe.
Mas, por outro lado, a debilidade dEle pede que a Mãe apareça, para estar na proporção dEle, de vez em quando sorrindo.