Santa Catarina de Alexandria mártir, igreja da Santíssima Trindade, Skipton, Inglaterra |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O autor do hino “Virgo Flagellatur” ficou anônimo, como muitas obras da Idade Média.
Nessa época, artistas, autores, cientistas ou inventores não davam tanta importância ao fato de seu nome passar para a História. Eles procuravam a glória de Deus e de seus santos, de Nossa Senhora e da Igreja. E se sentiam pagos com isso.
A criação das grandes catedrais está ligada a aparição de grandes escolas de teologia e artes.
Foi o caso notável de Notre Dame de Paris que inspirou não somente escolas artísticas mas uma Universidade hoje famosa no mundo todo, voltada para as Artes, no sentido muito especial, lato e religioso que lhe davam os medievais.
Foi assim sob as abóvedas protetoras de Notre Dame que nasceu a École Notre Dame de música.
A esta escola deve-se a criação do canto polifônico que enriqueceu extraordinariamente o canto religioso e profano, até então concentrado no inspirado gregoriano cantado a uma só voz.
Santa Catarina de Alexandria, padroeira de Jaén, Espanha |
O bispo Maurício de Sully decidiu construir a atual catedral de Notre Dame por volta do ano 1160/1161. Os trabalhos começaram em 1163 e demoraram até 1245.
O altar mor foi consagrado em 1182. Paris resplandecia como um lar de todas as artes e formas de beleza.
Entre elas, as da música. A Igreja multiplicava o fasto maravilhoso das cerimônias e cobrava dos autores novas partituras para as liturgias e procissões.
A família real mantinha economicamente músicos religiosos ou leigos só com esta finalidade.
Foi assim que nasceu a École Notre Dame de música. Entre seus mais famosos mestres esteve Leonino (também chamado Leo ou magister Leoninus nos textos), cônego da catedral.
Outro mestre famoso foi Perotino (chamado de Perotinus magnus) que viveu pelo fim do século XII e inícios do XIII e compos músicas a três ou quatro vozes, toda uma novidade.
Foi nesse ambiente que foi concebido este admirável cântico destinado a glorificar a mártir de Alexandria, Santa Catarina:
A virgem é açoitada, carregada de correntes, atormentada pela fome.
Virgo Flagellatur 1, State Library of Victoria, Austrália
Mas, enquanto ela permanece fechada na prisão uma luz celestial brilha en volta dela.
A doce fragrância enche o ar e as hostes do céu estão lá cantando louvores.
O esposo ama sua esposa e a visita como Salvador.
A doce fragrância enche o ar e as hostes do céu estão lá cantando louvores.
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Eis o texto em latim, original cantado no vídeo acima:
Virgo flagellatur, crucianda farne religatur, carcere clausa manet, lux caelica fusa refulget: Fragrat odor dulcis, cantant caeli agmina laudes.
Virgo Flagellatur 2, State Library of Victoria, Austrália
Sponsus amat sponsam, Salvator visitat illam. Fragrat odor dulcis, cantant caeli agmina laudes. Gloria patri et filio, et spiritui sancto.
E para nossos leitores de língua inglesa:
The virgin is scourged, loaded with chains, tormented with hunger: but while she remains shut up in prison a heavenly light shines round. A sweet fragrance fills the air and the hosts of heaven are there singing praises.
The Spouse loves his bride and visits her as a Saviour. A sweet fragrance fills the air and the hosts of heaven are there singing praises.
Glory be to the Father, and to the Son, and to the Holy Ghost.
GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS HEROIS CONTOS CIDADE SIMBOLOS
Numa liturgia bem preparada,os cânticos e músicas devem se fazer presente como um perfume que enche o ar sagrado da igreja.São adereços que devem realçar a beleza da liturgia,sendo parte integrantes da mesma.Mais do que cantar com a voz é preciso estar em condições de cantar com a alma.O segredo disso,os autores e músicos da Idade Média perceberam com precisão:buscar a glória de Deus,da Igreja,de Nossa Senhora,dos Santos e dos Anjos.Os instrumentos devem estar a serviço das vozes humanas,que,por sua vez,entram em sintonia tão perfeita com os instrumentos que formam como que uma só coisa.Algo de celestial acontece,e os sentidos humanos,por si sós,apesar de maravilhados,não conseguem apreender completamente.Semelhantemente ao que ocorria no Templo de Jerusalém,a Glória de Deus se manifesta de uma forma toda singular e inigualável.É o Céu na Terra e a Terra no Céu.
ResponderExcluirnossa depois das minhas oraçoes e pedidos a deus por intermedio de santa catarina venho recebendo graças sobre graças
ResponderExcluirEstou no processo vocacional, ainda no estágio paroquia, para entrar no Seminário São José. Não tenho dúvida que se Deus me conceder a graça do Sacerdócio eu vou cultivar e dar prioridade a esses cantos celestes na Liturgia, mesmo na de Paulo VI.
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