Dominicanos visitam túmulo |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O dia dos Fiéis Defuntos, ou Finados, é o dia no qual rezamos por todos os fiéis e por todas as almas que morreram e que porventura estejam no Purgatório.
É também o dia em que a Igreja nos recorda a realidade da morte.
Ela abre um precipício debaixo de nossos pés e nos faz ver uma multidão de almas que se encontram em estado de pena, de sofrimento.
Indulgências por ocasião de Finados
Ao fiel que visita devotamente o cemitério e reza, ainda que apenas mentalmen-te, pelos defuntos, concede-se a indulgência, aplicável somente às almas do Purgató-rio.
Esta indulgência é plenária do dia 1º a 8 de novembro, parcial nos outros dias do ano.
■ Para ganhar a indulgência plenária é preciso:
a) uma Comunhão;
b) a Confissão;
c) rezar ao menos um Padre-Nosso e uma Ave-Maria pelo Soberano Pontífi-ce;
d) a exclusão de todo afeto ao pecado, mesmo venial.
■ Pode-se ganhar apenas uma indulgência plenária ao dia.
■ Segundo o antigo costume, rezavam-se cinco Padre-Nossos, cinco Ave-Marias e cinco Glórias pela alma da pessoa que se queria favorecer com a indulgência plená-ria. A atual disciplina das indulgências não especifica as orações a fazer.
■ A Comunhão e a oração pelo Pontífice não precisam ser no mesmo dia; é en-tretanto conveniente fazê-las no próprio dia.
A Confissão também não precisa ser no mesmo dia: pode ser antes ou depois; uma só Confissão vale para muitas indulgências plenárias. Em geral considera-se que a confissão mensal é suficiente para satisfazer esta condição.
■ De acordo com a disciplina em vigor, a indulgência parcial corresponde — em termos simplificados — a dobrar o mérito da ação boa que se praticou.
A antiga disciplina, que exprimia o valor das indulgências em dias, foi abolida por Paulo VI.
(Apud Manuale delle indulgenze — Norme e concessioni —, Libreria Editrice Vaticana, 3a ed., 1987).
De quando em quando nós devemos meditar sobre a morte, para compreendermos profundamente a advertência que o sacerdote faz na Quarta-feira de Cinzas: “Lembra-te, homem, de que és pó e que pó voltarás a ser”.
Isso nos faz dar uma dimensão exata a todas as coisas dessa vida.
“Quando eu passo pelo cemitério, eu vejo ali o meu destino”: assim um volumoso periódico noticiava a morte súbita do Dr. “X”.
Tem-se a idéia de que a gente antes de morrer precisava adoecer ou ter um acidente qualquer.
E que, portanto, enquanto a gente se sente bem, teria uma relativa segurança de que não vai morrer.
Mas não é verdade. Pode-se estar passando perfeitamente bem, de repente forma-se, por exemplo que se dirige ao cérebro e determina um efeito “X”, cujo fruto mais palpável é a morte.
E isso pode dar-se com qualquer um de nós, a qualquer momento.
Então, o homem é tão inconsistente que um coágulo liquida com todos os seus desejos, aspirações.
A meditação sobre a morte é benfazeja para criar desapegos, humilhar orgulhos e fazer compreender que podemos cair de um momento para o outro no julgamento de Deus
E vem a figura de vermes que devoram aqueles ossos... Assim como, por exemplo, na Revolução Francesa os terroristas devoraram os girondinos.
E os girondinos devoraram a velha monarquia francesa que estava em estado de liquidação. Assim é a marcha inexorável das coisas...
Essa minha carne vai se decompor e ser tragada pela morte. Meus ossos vão ficar reduzidos a esqueleto; eu vou ficar esticado numa sepultura.
Muita gente passará perto e dirá: “Que alívio!...” Um ou outro passará perto e dirá: “Coitado!” Alguém se lembrará de rezar por mim.
E isso é o desfecho de minha vida. Em certo momento estarei reduzido a ossos que causam horror a todo o mundo.
Não é boa essa meditação para refrigerar muitos ardores, criar desapegos, humilhar muito orgulho e para fazer compreender que nós podemos cair de um momento para o outro no julgamento de Deus vivo?
Mas de um momento para o outro! Porque quem de nós sabe se vai chegar em casa hoje? Quem de nós sabe se daqui a uma hora não estará sendo julgado por Deus? E que não estará sendo queimado pelas chamas do Purgatório?
Sem essas incertezas a vida não tem grandeza nenhuma. Nada é belo, nada na vida é atraente, a não ser com um pano mortuário no fundo.
Pelo contraste com essa miséria fundamental a gente compreende como tudo quanto nós queremos aqui é pouco, e a grandeza de um outro destino que nos espera.
Por isso também que os progressistas querem acabar com tudo quanto na liturgia representa a morte. Eu já vi um deles dizendo: “É um dia de alegria! O sujeito vai para o Céu. Toda a família deve estar satisfeita!...”
A vontade que tive foi de lhe dizer: “eu conheço bem seu carnaval. O que você quer é não olhar o pano preto, porque você tem medo que o pano preto caminhe junto a você e te envolva como um sudário. Você tem medo de pensar na noite escura para onde todos nós vamos. Mas você, na realidade, está com medo, porque sua consciência está intranquila”
Eu conheci o tempo em que umas viúvas retardatárias usavam um luto todo de preto, de alto a baixo. E quando elas iam fazer visita para agradecer os pêsames, levantavam o véu para conversar. Depois, abaixavam-no.
Havia também o “luto aliviado”, ou seja diminuído em função do grau de parentesco e do tempo transcorrido de sua morte: se esposo, pai, mãe, etc. Finalmente, ao cabo de um ano ou dois anos se suprimia completamente o luto.
Nossa Senhora do Carmo tira almas do Purgatório, (Diego Quispe Tito, Cuzco, 1611-1681), Brooklyn Museum, Wikimedia Commons |
Há uma miséria grandiosa na morte, porque o ser inteligente, capaz de passar tão grande catástrofe, tem uma tal capacidade de grandeza que certamente uma outra vida e um outro destino o espera. E nisso está toda a nossa grandeza.
Não há tanta majestade na dor como no livro de Jó.
Nosso Senhor disse que Salomão, em toda a sua glória, não se vestiu como um lírio do campo se pode dizer que Luís XIV em todo o seu esplendor não teve a majestade de Jó no seu monturo!
As lamentações de Jó são das coisas mais majestosas que tenha havido na terra. E aí a gente compreende a majestade da tragédia, que chega aos últimos limites, a grandeza do homem que conserva a serenidade sapiencialmente na tragédia.
É a lição que os mortos nos dão. É uma lição de profundidade, de força de alma, de coragem, de grandeza incomparável.
Antigamente lia-se até em jornalecos ordinários: “Por fim, a majestade da morte revestiu os seus traços”. A ideia é muito bonita.
Há uma majestade da morte. Sobretudo, certos mortos tomam uma majestade que é imagem da majestade de Deus enquanto castiga.
É a majestade do trovão, do relâmpago, do terremoto, dos cataclismos; que é preciso conhecer e amar.
Porque quem não conhece e ama isso, não é capaz de ver Deus inteiro.
Vamos rezar pelas almas do purgatório mais abandonadas e pelas as quais ninguém reza e que talvez tenham mil anos para cumprir ainda, no fogo.
Mas pedindo a elas que nos obtenham a compreensão, o amor e o entusiasmo pelas sombras com que a morte enriquece a estética do Universo e os panoramas verdadeiros da vida humana.
Maravilhoso!
ResponderExcluirExcelente dia!
Bom Dia
ResponderExcluirTeria ,por gentileza, liberar para encaminhar pelo Wz para os meus Contatos
São catequese esplêndidas
Porém a maioria dos meus Contatos não utilizam e-mail
Se , por acaso houver como liberar a matéria para encaminhar pelo Wz fico muito grata
Abraço Fraterno
Bom Dia,
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Atenciosamente,
Visita ao cemitério por ocasião de Finados
ResponderExcluirAo fiel que visita devotamente o cemitério e reza, ainda que apenas mentalmente, pelos defuntos, concede-se a indulgência, aplicável somente às almas do Purgatório. Esta indulgência é plenária do dia 1º a 8 de novembro, parcial nos outros dias do ano.
■ Para ganhar a indulgência plenária é preciso:
a) uma Comunhão;
b) a Confissão;
c) rezar ao menos um Padre-Nosso e uma Ave-Maria pelo Soberano Pontífice;
d) a exclusão de todo afeto ao pecado, mesmo venial.
■ Pode-se ganhar apenas uma indulgência plenária ao dia.
■ Segundo o antigo costume, rezavam-se cinco Padre-Nossos, cinco Ave-Marias e cinco Glórias pela alma da pessoa que se queria favorecer com a indulgência plenária. A atual disciplina das indulgências não especifica as orações a fazer.
■ A Comunhão e a oração pelo Pontífice não precisam ser no mesmo dia; é entretanto conveniente fazê-las no próprio dia. A Confissão também não precisa ser no mesmo dia: pode ser antes ou depois; uma só Confissão vale para muitas indulgências plenárias. Em geral considera-se que a confissão mensal é suficiente para satisfazer esta condição.
■ De acordo com a disciplina em vigor, a indulgência parcial corresponde — em termos simplificados — a dobrar o mérito da ação boa que se praticou. A antiga disciplina, que exprimia o valor das indulgências em dias, foi abolida por Paulo VI.
(Apud Manuale delle indulgenze — Norme e concessioni —, Libreria Editrice Vaticana, 3a ed., 1987).