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Luis Dufaur 
Escritor, jornalista, 
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs  | 
Pode-se dizer que cada século ou era histórica tem um rosto ou uma expressão fisionômica e de alma que o diferencia dos demais.
E a Idade Média, na sua longa duração e na sua riquíssima variedade de eventos nunca perdeu um traço distintivo. E esse foi o sorriso.
E um sorriso leve e espiritual que só a Idade Média foi capaz de fazer e comunicar.
E nos difícil ver essa atitude de alma em nossos tempos.
Entretanto, ela ficou impresa em inúmeros testemunhos medievais.
Um desses é a estátua de “La Vierge à l’Oiseau” (Nossa Senhora com o Menino Jesus e Este com um pequeno pássaro), no exterior da igreja Nossa Senhora de Marthuret, em Riom (França).
“A primeira impressão que causa essa imagem é da relação de alma extraordinária entre os dois (o Menino Jesus e Nossa Senhora), de maneira tal que mais do que fotografar só uma alma, se fotografa as duas.
O que está extraordinariamente bem apanhado na escultura, é esta relação de alma entre os dois.
Relação de alma que tem isso de extraordinário que pega um desses momentos de familiaridade entre Mãe e Filho, em que a mãe brinca um pouquinho com o filho e este brinca um pouco com a mãe.
Sem o que a relação mãe e filho não pode ser compreendida.
Se ela nunca desfechasse num sorriso e numa brincadeira, não seria possível haver relação mãe-filho.
Por que razão?
Porque o Menino tem qualquer coisa de débil que faz sorrir a Mãe.
Mas, por outro lado, a debilidade dEle pede que a Mãe apareça, para estar na proporção dEle, de vez em quando sorrindo.
Do contrario, estabelece uma barreira entre Ele e a Mãe.
Vierge à l’Oiseau, a imagem original no interior da igreja, em Riom, Auvergne 
E, portanto, um dos modos de comunicação de alma mais delicados é o de sair uma certa brincadeira de parte a parte, em que os dois se tocam neste ponto.
Em que a alma dele se sente benignamente atendida naquilo que tem de mais débil.
Então a misericórdia dEla também aparece mais delicada, mais afável, mais flexível.
Esse é um dos mais belos aspectos do estado de alma de uma mãe.
Agora, quando se pensa que Nossa Senhora está brincando com o Filho de Deus e que Ela sabe que essa criança com a qual está brincando é a natureza humana de uma só pessoa que é a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, quer dizer a Ela é tudo!
Há um mundo de veneração que entra dentro disso? Mas é um sorriso autentico, não é um sorriso disfarçado.
Vendo a Ele também. Deus que fez todas as coisas, querer brincar com Nossa Senhora, revela uma tal grandeza no sorriso e uma tal grandeza na afabilidade...!
É uma afabilidade e uma bondade tão imensa, que a gente fica meio desconcertado.
Esse sorriso nas relações mãe-filho muitas vezes se apresenta de modo prosaico.
Mas aqui está de modo nobilíssimo!
Nem Ele perde nada da dignidade dEle, nem Ela perde nada da dignidade dEla.
E nos faz compreender a faceirice do sorriso revolucionário de hoje, amarelo, banal, sensual, comercial, enganador.
Nossa Senhora está aí como uma Rainha de coroa e Ele está como um Príncipe na mão dEla.
Qualquer pessoa se ajoelharia diante desta cena sem perder o respeito em nada.
É uma obra-prima de castidade, porque esses relacionamentos só almas castas são capazes de fazer.
Vierge à l’oiseau no pórtico da igreja de Marthuret, Riom, Auvergne 
Se uma alma não é muito, muito casta, não é capaz disto. O sorriso vira vulgaridade, começa em sol e acaba em lama... mesmo de mãe para filho.
Não é que haja qualquer coisa de sexual entre os dois, não é isso.
É que a alma não casta não é capaz de sorrir com esse desapego que está aqui. Então é só a Virgem Mãe sorrindo para o Filho Virgem conseguem essa verdadeira obra prima!
Essa escultura tem muito mais valor do que a essas esculturas gregas e a outras do gênero.
O mais curioso aqui é que o Menino Jesus está brincando e Nossa Senhora ao mesmo tempo que olha para Ele, está com um olhar de quem faz meditação a respeito dEle.
Ela está risonha, mas meditativa, o que compete a Ela mais do que a Ele, porque compete mais a Ela admirá-Lo do que Ele a Ela.
Ele é o perfeito “menino de ouro” e Ela – na Sua idade – se se pudesse dizer, é a “menina de ouro”.
O título da fotografia poderia ser: “Família de ouro”.
Esta fotografia é um encanto! Eu indo à França, eu iria a esse lugar para ver de perto esta imagem!
Nota explicativa dessa imagem:
A imagem do século XIV pode ser vista na igreja de Marthuret porque foi preservada dos vândalos da Revolução Francesa.
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| Vierge à l’oiseau, Riom, original no interior da igreja de Marthuret, Riom, Auvergne | 
Uma legenda narra que um prisioneiro a esculpira no decurso de sua longa detenção enquanto aguardava sua execução.
Quando o funesto dia chegou, a imagem não estava concluída, mas já era tão bela que lhe foi concedido uma protelação da pena para terminá-la. E ocorreu que durante este período o verdadeiro culpado foi descoberto e o artista escapou à morte.
O tema da “Vierge à l’Oiseau” é tirado de uma legenda relatada em um evangelho aprócrifo: o Menino Jesus brincava a modelar pássaros com argila e quando Ele lhes soprava, voavam... Mas um deles pousou sobre o ombro de Nossa Senhora.
O Menino Jesus quis pegá-lo e o pássaro Lhe segurou o dedo com seu bico, o que fez sorrir Sua Mãe que sabia muito bem que o pequeno voador não Lhe faria nenhum mal...
Uma cópia da imagem encontra-se na entrada da igreja e é a que foi comentada pelo Prof. Plinio.
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de palestra em 1974, PlinioCorrêadeOliveira.info)
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