Anunciação, Konrad von Soest, c 1422 |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O Angelus (também escrito Ângelus) foi inicialmente uma oração da noite ensinada por São Boaventura (1221 – 1274).
Ele chamava com uma campainha os religiosos e os habitantes do entorno a recitar “três Ave ao som do sino”, depois das Completas.
Foi o precursor do Angelus.
Porém, o Angelus, apropriadamente chamado, nasceu no século XI.
O Papa Urbano II em 1090, no início da primeira cruzada, ordenou que toda a cristandade, quando tocar três vezes o sino, de manhã e à tarde, recite três vezes a Saudação Angélica para apoiar a marcha dos Cruzados.
O papa estava convencido de que, se todos os cristãos rezassem pela mesma intenção, ela seria atendida.
A vontade do Papa suscitou o entusiasmo dos fiéis em toda parte! O Angelus nasceu! Bem antes do rosário e para um propósito específico: a Cruzada.
No século XIII, o papa Gregório IX reviveu o Angelus face aos ataques à autoridade da Igreja feitos pelo imperador Frederico II.
Como a cidade de Saintes se distinguia por seu zelo na recitação do Angelus, o papa João XXII a parabenizou com um Breve.
E numa Bula de 13 de outubro de 1318, universalizou a recitação do Angelus enriquecida de indulgências.
Os primeiros inícios foram com São Boaventura (1221 – 1274) |
Monsenhor Gaume conta:
“A justiça da cidade condenou dois criminosos a serem queimados vivos na véspera da Anunciação da Bem-Aventurada Virgem Maria.
“A pira já estava acesa. Ao se aproximar, um dos culpados continuou implorando à Santíssima Virgem, lembrando-A do Angelus que rezava três vezes ao dia.
“Os verdugos o jogaram no fogo.
“Mas, milagre! Ele sai como os hebreus da fornalha da Babilônia: são e salvo e suas roupas intactas! Enquanto que seu companheiro foi devorado pelas chamas num instante!
“Não foi suficiente. E, mais uma vez, o miraculado foi jogado na fogueira!
“Mas saiu de novo sem queimaduras e cheio de vida, como da primeira vez!
“Foi-lhe concedido o perdão e foi conduzido em triunfo à igreja da Santíssima Virgem, para dar graças à sua libertadora”.
E a recitação do Angelus do meio dia?
O rei Luís XI em 1472, ordenou que todo o seu reino estendesse o Angelus ao meio-dia.
Esta prática do Angelus do meio-dia foi indulgenciada em 1475 pelo papa Sisto IV, que favoreceu particularmente o culto litúrgico da Imaculada Conceição.
No entanto, em 1455, o Papa Calixto III já havia prescrito o sino do meio-dia.
Luís XI só aplicou à França as decisões sábias do Papa assaz mais precisas: o terrível Maomé II acabara de tomar Constantinopla (1453).
E enquanto seu cavalo comia aveia no altar-mor da catedral Santa Sofia, jurou que faria o mesmo no altar-mor de São Pedro!
Rezar o Angelus pelo triunfo das Cruzadas foi um grande motivo dos Papas |
Foi contra esta praga, que Calixto III teve a inspiração de criar o triplo Angelus. Mas, na aparência ninguém se mexeu! Nem mesmo a França de Luís XI.
Porém, de repente, em 1481, Maomé II foi atingido por um mal desconhecido, aos 49 anos de idade.
Alessandro VI reviveu o Angelus contra a heresia luterana. E o Papa São Pio V definiu o Angelus completo, como é recitado desde então, na edição oficial do Pequeno Ofício da Santíssima Virgem.
João XXII aprovou a prática do Angelus da noite, observada em Saintes.
O Papa Leão XII concedeu indulgência plenária à recitação contínua por um mês.
Assim, a pequena oração do Angelus deve ser dita de manhã às 7 da manhã, depois ao meio-dia e finalmente à noite às 19h na França e 18h alhures.
Quase todos os sinos da igreja tocam a estas horas para nos sinalizar o Angelus!
Infelizmente, esta poderosa oração está ficando esquecida.
O Angelus é a oração contra todos os perigos que ameaçam a Igreja, os cristãos e a Cristandade.
O que é que aconteceria se os católicos passassem a reza-lo todos os dias e em massa, três vezes diariamente?
Motivações não faltam, aliás são mais imperiosas do que nunca.
Sozinho, em família, no carro ou caminhando! O resto Nossa Senhora fará.
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