domingo, 11 de dezembro de 2022

Num Natal: Ó clemente! Ó piedosa! Ó doce Virgem Maria!

Spira: Ó clemente! Ó piedosa! Ó doce Virgem Maria!
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






A Salve Rainha é uma lembrança da antiga França.

Atribui-se ao bispo de Puy, o bemaventurado Adhemar de Monteuil, membro do Concílio de Clermont, onde foi resolvida a primeira Cruzada.

Adhemar seguiu a Cruzada na qualidade de legado apostólico e compôs a Salve Rainha para que se tornasse o canto de guerra dos cruzados. LEIA MAIS

A princípio, a antífona acabava por estas palavras: nobis post hoc exilium ostende.

A tríplice invocação que a termina presentemente foi acrescentada por São Bernardo, e merece ser narrado como se fez.

Na véspera do Natal do ano de 1146, São Bernardo, mandado para a Alemanha como legado do Papa, fazia sua entrada solene na cidade de Spira, depois de uma viagem memorável na qual os milagres foram numerosos.

O bispo, o clero, os cidadãos todos, com grande pompa vieram ao encontro do santo e conduziram-no, ao toque dos sinos e dos cânticos sagrados, através da cidade até a porta da capital, onde o imperador e os príncipes germânicos o receberam com todas as honras devidas ao legado do Papa.

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Enquanto o cortejo penetrava no recinto sagrado, o coro cantou a Salve Rainha, antífona predileta do piedoso abade de Claraval.

Bernardo, conduzido pelo imperador em pessoa e rodeado da multidão do povo, ficou profundamente comovido com o espetáculo que presenciara.

Acabado o canto, prostrando-se três vezes, Bernardo acrescentou de cada vez uma das aclamações, enquanto caminhava para o altar sobre o qual brilhava a imagem de Maria:

O clemens! O Pia! O dulcis Virgo Maria!

─ Ó clemente! Ó piedosa! Ó doce Virgem Maria!



("Maria ensinada à mocidade" - Livraria Francisco Alves, Rio, 1915)





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domingo, 27 de novembro de 2022

Maria, a Grande Senhora

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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Santo Estevão, rei da Hungria, foi não menos célebre pela sua terna piedade para com Maria do que pelas eminentes qualidades que praticou no trono.

Ele tinha tão profundo respeito pelo nome sagrado da Mãe de Deus, que não ousava nem mesmo pronunciá-lo: chamava Maria a Grande Senhora.

Todos os seus súditos, a seu exemplo, davam-lhe o mesmo título.

E se acontecia que na sua presença se pronunciasse o nome de Maria, logo todos dobravam o joelho, para testemunhar sua veneração por um nome tão augusto.


(Fonte: "Maria ensinada à mocidade" - Livraria Francisco Alves, Rio, 1915)



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domingo, 13 de novembro de 2022

O sino: simbolismo e efeitos benéficos.
A oração do Ângelus

"O ângelus", Jean-François Millet (1814-1875)
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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A oração do Ângelus compõe-se de duas partes essenciais: a oração e o som do sino.

O sino dá ao Ângelus uma solenidade excepcional.

Por que o sino toca o Ângelus de manhã, ao meio-dia e à tarde?

Por ordem da Igreja Católica, cumpre a palavra do rei profeta: "À tarde, de manhã e ao meio-dia, cantarei os louvores de Deus, e Deus ouvirá a minha voz".



Clique para ouvir os sinos da torre norte da catedral de Paris :
Sino da Catedral de Brouges, França
À tarde, canta o princípio da Paixão do Redentor no Jardim das Oliveiras.

De manhã, a sua Ressurreição, e ao meio-dia a sua Ascensão.

De manhã, dá o sinal do despertar, da oração e do trabalho.

Ao meio-dia, adverte o homem de que a metade do dia é passada, e que a sua vida não é mais que um dia.

À tarde, toca ao recolhimento e ao repouso.

Diz ao homem: faze tuas contas com Deus, pois esta noite talvez Ele exigirá a tua alma.

Fazendo ouvir a sua voz três vezes por dia, recorda aos cristãos as lembranças de um glorioso passado, essas belicosas expedições, a honra eterna dos Papas, que salvaram o Ocidente da barbárie muçulmana.

Toca três vezes, para recordar as três Pessoas da Trindade, às quais o mundo é devedor da Encarnação.

Toca nove vezes, em honra dos nove coros de anjos, para convidar os habitantes da Terra a abençoar com eles o seu comum benfeitor.

Entre cada tinido - ou melhor, entre cada suspiro - deixa um intervalo, para que sua voz desça mais suavemente ao coração e desperte com mais segurança o espírito de oração.

Clique para ouvir os sinos da abadia de Ettal, Alemanha: 


Por que, depois do tinido do Ângelus, o sino faz ribombar sua voz? Canta uma dupla redenção: a redenção dos vivos, pelo mistério da Redenção, e a redenção dos finados, pela indulgência ligada ao Ângelus.

Clique para ouvir os sinos da catedral de Colônia, Alemanha:

 
Catedral de Aachen (Aquisgrão), Alemanha
Ao Purgatório toca uma felicidade, e a Maria a saudação de uma alma que entra no céu.

Assim opera a Igreja da terra, cheia de ternura por sua irmã padecente.

Por que chora o sino na agonia? Se reflete as alegrias deve refletir também as dores.

Para sustentar o jovem cristão nos combates da vida, o sino pede as nossas orações.

Como não solicitá-las nas lutas da morte? Entre todas, estas lutas não são as mais terríveis e as mais decisivas.

No toque da agonia, o sino diz: "Miseremini mei saltem vos amici" - Tende piedade de mim, pelo menos vós que fostes meus amigos!

Vinde orar por mim, vinde sepultar o meu corpo, vinde acompanhá-lo à igreja, depois ao dormitório, onde ele deve repousar até a ressurreição dos mortos.

O sino, nesse momento, assemelha-se a uma mãe que, na sua terna solicitude, não se permite nem paz nem trégua, para clamar em socorro de seus filhos desgraçados e obter a sua libertação.

Também o sino deve tornar o cristão invencível na sua guerra contra os demônios.

Ao estridor dos sinos - acrescenta um de nossos antigos liturgistas - os espíritos das trevas são penetrados de terror, da mesma forma que um tirano se espanta quando ouve ressoar nas suas terras as trombetas guerreiras de um monarca seu inimigo.

Clique para ouvir o sino mor da catedral de Paris :


Toque de recolher: no inverno, nos países montanhosos, pelas nove horas da noite, o sino faz ouvir a sua voz mais forte.

Chama o viajante desencaminhado, e indica-lhe a estrada que deve seguir para chegar ao lugar onde achará a hospitalidade.

Uma imagem do que também acontece com as almas perdidas no pecado.

Eram inteiramente outros os sentimentos de nossos religiosos antepassados.

Testemunhas inteligentes das bênçãos e das consagrações praticadas pela Igreja no batismo dos sinos, devotavam-lhe um profundo respeito e santo pavor.


Clique para ouvir os sinos da catedral imperial de Bamberg, Alemanha:

Daí vem que temiam infinitamente mais jurar sobre um sino consagrado do que sobre os próprios Evangelhos.

(Fonte: Mons. Gaume, “L’Angelus au dix-neuvième siècle”)




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domingo, 16 de outubro de 2022

Hino “Este é o verdadeiro mártir”

A palma do martírio: símbolo dos mártires
A palma do martírio: símbolo dos mártires
Luis Dufaur
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Hino:

Este é o verdadeiro mártir


Este é o verdadeiro mártir, /

que derramou seu sangue pelo nome de Cristo, /

que não teve medo das ameaças dos juízes /

e não procurou o prestígio social, /

e assim conquistou o reino celeste.


Autor: Sebastián de Vivanco (Ávila, 1551/Salamanca, 1622)



Original em latim: Hic est vere Martyr
 



Hic est vere Martyr,

qui pro Christi nomine, sanguinem suum fudit,

qui minas iudicum non timuit,

nec terrenam dignitatem quaesivit,

sed ad caelestia regna pervenit.





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domingo, 2 de outubro de 2022

Alfonso IX: o rei de Rosário na cintura

Alfonso IX, Rei de León y de Galicia (Santiago de Compostela, Catedral)
Luis Dufaur
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Santíssima Virgem não favorece somente quem reza o Rosário, mas recompensa também gloriosamente a quem com seu exemplo atrai aos demais a esta devoção.

Alfonso IX (1188-1230), rei de León e de Galicia, desejando que todos seus criados honrassem a Santíssima Virgem com o Rosário, resolveu, para animá-los com seu exemplo, levar ostensivamente um grande rosário, mesmo sem rezá-lo.

Bastou isto para obrigar toda a corte a rezá-lo devotamente.

O rei caiu enfermo com gravidade. Já o acreditavam morto, quando, arrebatado no espírito diante do tribunal de Jesus Cristo, viu os demônios que lhe acusavam de todos os crimes que havia cometido.

Quando o divino Juiz já o ia condenar às penas eternas, interveio em seu favor a Santíssima Virgem. Trouxeram, então, uma balança: em um pratinho da mesma colocaram os pecados do rei.

A Santíssima Virgem colocou no outro o rosário que Alfonso havia levado para honrá-la e os que, graças a seu exemplo, haviam recitado outras pessoas. Isto pesou mais que os pecados do rei.

Nossa Senhora da o rosário a São Domingos de Gusmão, Alemanha, Aldekerk
Nossa Senhora da o rosário a São Domingos de Gusmão,
Alemanha, Aldekerk
A Virgem lhe disse logo, olhando-o benignamente:

«Para recompensar-te pelo pequeno serviço que me fizeste ao levar meu Rosário, te alcanço de meu Filho o prolongamento de tua vida por alguns anos. Emprega-os bem e faz penitência!»

Voltando a si o rei exclamou:

«Oh bendito Rosário da Santíssima Virgem, que me livrou da condenação eterna!»

E depois de recobrar a saúde, foi sempre devoto do Rosário e o recitou todos os dias.

Que os devotos da Santíssima Virgem tratem de ganhar o maior número de fiéis para a Confraria do Santo Rosário, a exemplo destes santos e deste rei.

Assim conseguirão na terra a proteção de Maria e logo a vida eterna: «Os que me derem a conhecer, alcançarão a vida eterna» (Eclo 24,31).







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