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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
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O Bem-aventurado João Haroldo narra a história de um homem que vivia continuamente em pecado mortal.
Sua mulher, pessoa de angélica piedade, não podendo conseguir que ele mudasse de vida, obteve, à força de pedidos e súplicas, que rezasse uma Ave-Maria cada vez que encontrasse na estrada uma imagem da Santíssima Virgem. Mais por agradar do que por devoção, aquele desgraçado prometeu e cumpriu sua promessa.
Um dia, quando ia para uma orgia, viu brilhar uma luz a pouca distância. Aproximou-se, como que impelido por mão invisível e misteriosa, e logo se lhe deparou uma estátua de Maria com Jesus nos braços.
Segundo o seu costume, rezou a Ave-Maria. Mas quando ia acabar, reparou que o Menino Jesus estava coberto de feridas, das quais o sangue corria abundantemente. E pensou:
— Ai de mim! São meus pecados que abriram estas chagas em meu divino Redentor.
Estas reflexões arrancaram-lhe dos olhos lágrimas amargas. Mas o Menino Jesus desviou dele seu olhar. Então o pecador, com grande vergonha e confusão, dirigiu-se a Maria:
— Mãe de misericórdia, vosso Filho me rejeita. Intercedei por mim, pois vós sois meu único refúgio.
— Oh! Pecador ingrato! — respondeu-lhe Maria. — Chamais-me de mãe de misericórdia e me tornais a mais miserável das mães, renovando a Paixão de meu Filho e as angústias que nela sofri.
Contudo, como Maria não pode despedir ninguém sem consolação, pôs-se a pedir a seu Filho por aquele pecador contrito. Jesus mostrava-se pouco disposto a perdoar. Então a Virgem compassiva, depondo o Menino Jesus no chão e ajoelhando-se a seus pés, disse:
— Oh! Meu Filho! Não me levantarei enquanto não houver obtido o perdão para este infeliz.
— Minha Mãe, nada posso negar-vos. Que este pecador chegue-se mais perto e venha beijar minhas chagas.