domingo, 14 de março de 2021

Santo Eulógio: martirizado sob católicos acomodatícios

Santo Eulógio mártir que padeceu sob os católicos acomodatícios.
Santo Eulógio: mártir que padeceu sob os católicos acomodatícios.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Na consagrada obra do Pe. Réné François Rohrbacher (1789 – 1856) “Vidas dos Santos” (Editora das Américas, vol IV, 1959, SP) lemos os seguintes dados biográficos sobre Santo Eulógio:

“No ano de 850 desencadeou-se em Córdoba, Espanha, violenta perseguição muçulmana contra os cristãos.

“Dentre as várias vítimas destaca-se o sacerdote Eulógio, pertencente a uma das famílias mais consideradas da cidade e que descreveu os combates gloriosos daqueles que morreram pela fé.

“O califa Abdel Aman reuniu os conselheiros e ficou resolvido que prenderiam ou matariam quem quer que falasse contra o profeta.

“Alguns cristãos renunciaram a Jesus Cristo e perverteram outros.

“Vários passaram a tratar os mártires de indiscretos, alegando a Escritura e queixavam-se amargamente de Santo Eulógio e outros sacerdotes dizendo que haviam atraído a perseguição.

“Na presença dos bispos, um escrivão riquíssimo que tinha medo de perder o que possuía, atacou rijamente o sacerdote Eulógio.
“Por fim, o concílio proibiu que alguém fosse ao martírio, mas em termos alegóricos e ambíguos para contentar o califa sem censurar os mártires.

“Santo Eulógio não aprovava tal dissimulação e lutou contra ela durante muito tempo.

“Foi duramente perseguido pelos muçulmanos e pelos cristãos acomodados.

“Finalmente, foi decapitado no ano de 856”.

Santo Eulogio de Córdoba não pactou com componendas e arranjos concessivos
Santo Eulogio de Córdoba não pactuou com componendas e arranjos concessivos
Santo Eulógio enfrentou de partida uma situação psicológica: para muitas pessoas é duro estar correndo da morte; é-lhes mais suave se dizerem cristãos aos perseguidores e perder a vida de vez.

Esta situação psicológica é compreensível, mas envolve um problema moral: a pessoa que se apresenta à autoridade que vai matá-la não comete suicídio?

Santo Eulógio era de opinião que não, então vários católicos desafiaram o martírio e foram mortos.

O sultão de Córdoba iniciou o extermínio dos católicos de Córdoba.

Agora, aparece o problema político: a massa da população espanhola no tempo dos visigodos continuava católica.

A religião católica era até tolerada com a condição dos católicos não empreenderem uma ação muito vivaz.

A ação de bispos acomodados e tolerantes dispostos a aceitar tudo, ensinava aos católicos uma política de submissão e de capitulação que debilitava a fé.

Então, as autoridades maometanas convocaram um concílio para que nele os bispos 'dialogantes' condenassem os católicos vigorosos.

Santo Eulógio tinha muito maior facilidade em pregar contra Maomé que contra os bispos acomodados.

No concílio, um escrivão muito rico — em geral os muito ricos não querem ouvir falar em morrer e não gostam de ouvir falar em martírio — acusou Santo Eulógio e seus companheiros e o concílio os condenou.

Mas essa condenação não tinha fundamento, e Santo Eulógio continuou a sustentar seu ponto de vista com tanta intrepidez que acabou ele mesmo decapitado, e é mártir da Igreja elevado aos altares.

A crueldade dos califas apelou aos católicos moles para tentar dobrar os católicos sérios
A perfídia dos califas apelou aos católicos moles
para tentar dobrar os católicos sérios
Qual a lição que devemos tirar daí?

Que em todas as épocas da Igreja há duas correntes: a fiel e a mole, acomodatícia, que prefere um arranjo para levar uma vida agradável até morrer na cama ainda que a fé sofra prejuízos.

Em suma, existe a corrente do heroísmo e a corrente da acomodação, do pacto, da traição.

Existem católicos verdadeiros em nosso século.

Existem, ao lado deles os moderados que querem uma acomodação no mundo revolucionário e se dizem de conservadores mas com as modas dos revolionários e que no lutam deveras contra ele.

Santo Eulógio lutou como um leão e passou pela dura provação de ser condenado pelo episcopado. A gente pode imaginar quanto doeu em sua alma.

Entretanto, ele soube resistir e nos deu o exemplo de amar a Igreja e as instituições eclesiásticas a ponto de sofrer, por fidelidade a elas, até a pior das coisas que é a condenação por parte do clero acomodatício.

Essas autoridades eclesiásticas acomodadas até com fachada de conservadoras combatem dentro da Igreja o filão áureo do heroísmo e da dedicação total.

Nesse sentido, Santo Eulógio deve ser nosso patrono.

Peçamos-lhe esta forma especial de coragem, muito mais meritória do que a coragem necessária para enfrentar os verdugos.


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