domingo, 12 de julho de 2020

A cartuxa de Montalegre

Cartuxa de Montalegre, Catalunha, Espanha
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Dois jovens estudantes, Juan de Nea e Tomás de Zarzana, voltavam de Barcelona, onde estudavam, para sua cidade natal.

Próximo de Barcelona, pararam num formoso lugar, onde depois se instalou a Cartuxa de Montalegre, que hoje está em ruínas.

Pararam e contemplaram a paisagem, que naquele lugar é uma maravilha. Tomás de Zarzana disse que quando chegasse a ser Papa, fundaria naquele local uma Cartuxa, já que parecia um panorama ideal para a oração e meditação.

Juan de Nea respondeu-lhe, brincando, que se faria monge dessa Cartuxa.



Os dois companheiros separaram-se, e os anos se passaram.

Juan de Nea, que era monge em Porta Cali, de Valência, recebeu um aviso do Papa, comunicando-lhe que se apresentasse no Vaticano.

Aturdido pela importância daquele chamado, o humilde monge apressou-se em fazer os preparativos e partiu para a Cidade Santa.

O Papa recebeu-o imediatamente.

E Juan de Nea teve a surpresa de ver ali, no Palácio do Vaticano, como soberano de toda a Cristandade, o seu amigo Tomás de Zarzana, que era o Papa Nicolau V.

O Papa então recordou a Juan de Nea a promessa que ambos haviam feito ao voltarem de Barcelona, depois de terminados os seus estudos, quando estavam sentados num lindo mirante.

Tinha chegado o momento de cumprir a promessa.

Poucos dias depois, Juan de Nea partia para a Espanha, nomeado Núncio Apostólico de Sua Santidade no Reino de Aragão, como embaixador do Santo Padre e com pleno poder para fundar uma Cartuxa em Montalegre, nas proximidades de Barcelona, e gastar todo o necessário para isso das rendas apostólicas.

Na ausência de D. Afonso V, o Magnânimo, reinava naquela época sua esposa, Dona Maria, que facilitou de todos os modos para que se pudesse cumprir a promessa.

Tal é a origem da célebre Cartuxa de Montalegre.


(Fonte: V. Garcia de Diego, "Antologia de Leyendas de la Literatura Universal" - Labor, Madrid, 1953, p. 179)


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