Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Conta-se que em tempos muito remotos havia um convento de monjas agostinianas, perto da cartuxa de Monte Alegre.
Havia entre elas — e era, por certo, a mais humilde — uma monja de família nobre, de alta linhagem e muito bela.
Numa tarde, um cavaleiro que habitava nos arredores do castelo desse lugar, por acaso viu-a no jardim, e de tal maneira impressionou-se por sua beleza, que não teve mais repouso.
Desde então o cavaleiro rondava todas as noites o jardim do convento, chegando ao extremo de escalar os muros e cantar em frente à cela da enclausurada.
Esta teve notícia dos padecimentos do jovem cavaleiro, e chorou amargamente por ser causa deles.
Sua humildade e sua religião não podiam suportar a situação que o cavaleiro lhe criava, rondando-a como se fosse do mundo.
Uma tarde, depois de rezar devotamente na capela do convento, pedindo conselho à Santíssima Virgem, tomou uma decisão heroica.
Ao chegar a noite, a monja esperou atrás da cela em que o cavaleiro escalava o muro do convento, como era seu costume.
Não teve que esperar muito tempo.
Apenas a lua despontou no céu, viu o cavaleiro que, colocando uma escada no muro, desceu em silêncio por ela, levando sua espada.
Saiu então a monja e se aproximou do cavaleiro, que estava trêmulo de emoção.
Ela então lhe disse que havia sabido do muito que por seu amor sofria tentações, e que não poderia consentir nisso.
E tampouco podia tolerar que todas as noites ele rondasse sua cela e lhe cantasse trovas, quebrando o espírito de clausura.
O cavaleiro referiu-se à sua extrema beleza.
Ao ouvir estas palavras, a religiosa respondeu que, como era sua beleza que causava suas tentações, estava decidida a destruí-la, para devolver à sua alma a tranquilidade que tinha perdido.
Dizendo isto, tirou uma adaga que trazia escondida embaixo do escapulário, e com um só golpe cortou o nariz.
A lenda não conta o que aconteceu com o cavaleiro, mas nos consta que naquele lugar nasceu um raro arbusto, de uma espécie desconhecida até então, que dava flores de cor vermelha e em forma de nariz.
Os cientistas do país asseguram que não há outro igual em toda a Catalunha.
Em várias ocasiões, procuraram extirpá-lo, mas renascia com maior louçania.
Puseram-lhe o nome de "arbusto de fogo", mas o povo, sempre amante do maravilhoso, o chama de "arbusto dos narizes".
(V. Garcia de Diego, "Antología de Leyendas de la Literatura universal" - Labor, Madrid, 1953, p. 147)
GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS HEROIS CONTOS CIDADE SIMBOLOS
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pelo comentário! Escreva sempre. Este blog se reserva o direito de moderação dos comentários de acordo com sua idoneidade e teor. Este blog não faz seus necessariamente os comentários e opiniões dos comentaristas. Não serão publicados comentários que contenham linguagem vulgar ou desrespeitosa.