domingo, 2 de novembro de 2025

Grande razão para rezarmos pelas almas dos falecidos: o Purgatório

Pensando no bem que podem ganhar nesta data religiosa as almas dos fiéis defuntos -- ente as quais pode haver parentes ou amigos nossos -- reproduzimos a continuação o post Museu das almas do Purgatório 1: uma janela para o além que merece ser mais estudada com estimulante matéria a respeito para rezarmos por essas almas.


Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
Fachada da igreja do Sagrado Coração do Sufrágio

Indo à Basílica de São Pedro pelo Lungotevere – a avenida que bordeja o histórico rio Tibre – o romeiro é surpreso por uma bonita igreja que tem o imponderável de conter algo muito singular.

Não é só o fato de seu estilo neogótico evocar a França e destoar do distendido conjunto arquitetônico romano.

Luminosa, delicada, esguia, sorridente, mas infelizmente fechada boa parte do dia, a igreja do Sagrado Coração do Sufrágio fica a dois quarteirões de Castel Sant’Angelo e da Via dela Conciliazione, que leva direto ao Vaticano.

LOCALIZAÇÃO EM GOOGLE MAPS

Perguntei a amigos romanos o que havia nessa igrejinha.

Eles me explicaram – não sem antes me prevenirem de não me espantar – que lá havia um Museu das Almas do Purgatório.

Quer dizer, uma coleção de sinais do além deixados por essas almas, que na maioria das vezes apareceram ardendo internamente a parentes ou irmãos de religião.

Sempre pedindo orações para saírem do Purgatório, onde pagavam penas devidas a seus pecados e irem para o Céu.

A igreja com destaque à direita, no centro Castel Sant'Angelo,
à esquerda sai a Via della Conciliazione rumo a São Pedro
Quando achei o horário certo, ingressei pela igrejinha do Sagrado Coração do Sufrágio naquele inédito museu.

Nele os objetos estão expostos dentro de quadros protegidos por vidros, encostados uns aos outros por causa da exiguidade da sala.

Talvez seja o menor museu do mundo. E, entretanto, pode-se dizer que o tema ao qual se dedica é mais transcendente que o de muitos museus mais ricos e famosos.

Na época, lamentei as parcas informações fornecidas numa simples folha para uso geral dos visitantes. Mas, ainda assim, os testemunhos do além muito me impressionaram.

Interior da igreja
A importância do Museu evidenciou-se ainda mais com a entrevista realizada há pouco por uma TV italiana com o pároco da igreja, o Pe. Domenico Santangini.

Como ela foi feita em italiano, transcrevi todas suas palavras para o português e apresentando-as aqui.

Os singulares objetos que fazem parte do Museu – roupas, madeiras e outros objetos queimados com formas de mãos e outras pelas almas em fogo – merecem serem estudados pela ciência.

Como católicos nada tememos sobre as verdades de Fé envolvidas no caso.

O Purgatório não foi objeto de uma definição solene ex-cathedra, mas são inúmeros os ensinamentos revelados contidos nas Escrituras e não é lícito duvidar de sua existência.

No centro do altar mor, o Sagrado Coração de Jesus recebe as orações
de Nossa Senhora e São José.
Embaixo, as almas do Purgatório se voltam para o anjo e Nossa Senhora
enquanto o sacerdote oferece a Missa pelas almas que purgam.
Se os teólogos discutem sobre ele, é apenas sobre seu lugar e outras circunstâncias que não mudam o fato essencial: o Purgatório existe e por ele devem passar as almas destinadas ao Céu, mas que devem pagar penas por faltas cometidas na Terra.

Diz-se até que a grande Santa Teresa de Jesus teria passado pelo Purgatório para fazer uma genuflexão que não fez certa vez ao atravessar uma capela...

Como sói acontecer, estudos científicos poderiam fornecer detalhes materiais que contribuiriam para compreendermos melhor a realidade desse lugar do além, o qual não está tão longe de nós como poderíamos achar.

Em consequência, nós nos sentiríamos mais convidados a rezar pelas almas que nele estão – quem garante que também nós não poderemos estaremos um dia? – e fazermos uma meditação sobre o destino final de nossa existência.

“Pensa nos teus novíssimos e não pecarás eternamente” (Eclo 7, 40) – ensinam as Escrituras.

Aliás, o caso desse museu não é o único sobre o qual as ciências não se debruçam.

Mas é algo muito concreto, material: as provas estão gravadas com fogo em panos, folhas, livros e móveis que a gente vê com os próprios olhos e que nos abre uma janela para uma imensa realidade.

Eis a transcrição da entrevista do pároco e curador do Museu do Purgatório:

Entrevista ao pároco do Sagrado Coração de Jesus do Sufrágio, Roma



Pe. Domenico Santangini, pároco do Sagrado Coração do Sufrágio, Roma: É certo que o Purgatório existe, embora não seja uma verdade de fé absoluta como o Inferno e o Paraíso. Porém, para a Igreja, é uma realidade autêntica, verdadeira.

Muitos, infelizmente, fingem não acreditar ou não acreditam de fato, por motivos pessoais. Para nós existe.

Como? Por quê?

Porque o homem é pecador e, enquanto tal, para chegar ao Senhor tem necessidade de purificação. E esta passagem das almas boas é obrigatória, uma passagem para ter uma alma limpíssima.

É lógico que o Purgatório é uma passagem para o Paraíso, não pode ser para o Inferno. Porque o Inferno é uma condenação absoluta e imediata.

Nossa Senhora do Carmo resgata almas do Purgatório.
Brooklyn Museum, escola de Cuzco, Peru
Portanto, procuremos descobrir a importância do Purgatório e de rezar muito pelas almas do Purgatório.

Porque, uma vez que estas almas entram no Paraíso, elas podem interceder por nós que estamos aqui embaixo.

Portanto, caros amigos, caríssimos fiéis, permanecei tranquilos e serenos. O Purgatório é uma grande verdade, uma grande realidade que não podemos deixar de reconhecer.

Quando falamos do além, falamos das almas do Purgatório.

Certamente podemos falar do Inferno.

Mas, não cabe a nós estabelecer quem está no Inferno ou no Purgatório. Só o Padre Eterno sabe, por isso nós cristãos de boa fé, quando encomendamos uma Missa pelos defuntos, a encomendamos pelas almas do Purgatório.

As almas santas podem se fazer sentir, “se apresentar” a nós, de muitas maneiras.

Poder ser num sonho, pode ser num elemento exterior, pode ser uma intuição, pode ser algumas vezes uma aparição.

Assim como temos nesta paróquia, existem testemunhos que põem em evidência como as almas do Purgatório pedem a nós, vivos, orações ou Santas Missas para que elas possam ser liberadas dos sofrimentos do Purgatório.

Por que o Purgatório é sofrimento? Por quê? É sofrimento porque ainda não chegaram a Deus. É o sofrimento da separação de Deus. Esta separação cessa quando entram no Paraíso.

Quem pratica o espiritismo não faz outra coisa senão invocar a alma dos mortos, mas, se respondem, esses mortos querem dizer que estão no Inferno.

Porque as almas que estão no Purgatório, embora distantes do Senhor, não se prestam ao nosso jogo humano de invocação, enquanto que as almas do inferno, que já são almas perdidas, como verdadeiros diabos então respondem, para poder atrair outras almas para onde elas estão.

Portanto, o espiritismo é exatamente o oposto da oração ou da aparição dessas almas aos vivos. É exatamente o oposto.
Altar pelas almas do Purgatório. Igreja de São Francisco, Pontevedra, Espanha

O bom cristão não pode não acreditar no Purgatório. Porque se ele não crê no Purgatório não é um verdadeiro cristão, transforma-se quase num pagão. Sim, um pagão.

Jesus nos disse muitas vezes no Evangelho que, no Fim do Mundo, Ele levará ao Paraíso as almas dos justos que dormem o sono da paz. Os levará ao Paraíso. Então, quer dizer que existe esta passagem.

Lógico, há santos que talvez vão direto ao Paraíso. Mas muitas almas, por faltas mais ou menos graves, passam pelo Purgatório.

Mas o espiritismo é uma coisa nefasta, e os cristãos que vão consultar esses charlatões cometem pecado grave, gravíssimo.

Jornalista : E fazer encomendas é pecado?

Pe. Domenico Santangini: É pior ainda. É pior ainda. Por favor, não façam essas coisas. Porque é o demônio que responde, e de fato toma conta da vossa alma.

O demônio é velhaco, velhaquíssimo. Devemos verdadeiramente evitar ir, e dizer aos outros para não fazê-lo – a nossos parentes, amigos –porque, de outro modo, podem comprometer sua alma.

Quando dizemos que alguém vende a alma ao demônio é através dessa via, desse espiritismo, dessas evocações.

domingo, 19 de outubro de 2025

A morte de São Bento: em pé como um guerreiro que entrega a alma a Deus, contada pelo Papa São Gregório Magno

Morte de São Bento em 21 de março de 547 rodeado por discípulos (Iluminura de Monte Cassino, século XI)
Morte de São Bento em 21 de março de 547 rodeado por discípulos.
(Iluminura de Monte Cassino, século XI)
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







“No mesmo ano em que havia de sair desta vida, anunciou o dia de sua santíssima morte a alguns discípulos que com ele viviam e a outros que viviam longe.

“Aos que estavam presentes, recomendou-lhes que guardassem silêncio sobre o que haviam ouvido, e, aos ausentes, indicou que sinal se lhes daria quando sua alma saísse do corpo.

“Seis dias antes da morte mandou abrir sua sepultura. Logo depois, atacado pela febre, começou a ressentir-se do seu ardor violento.

São Bento, capela em San Domenico, Bologna.
São Bento, capela em San Domenico, Bologna.
“Como a enfermidade se agravasse dia a dia, no sexto fez-se conduzir pelos discípulos ao oratório e ali se fortaleceu para a partida deste mundo recebendo o Corpo e o Sangue do Senhor.

“E, apoiando seus enfraquecidos membros nos braços dos seus discípulos, permaneceu de pé com as mãos erguidas para o céu e exalou o último suspiro entre as palavras da oração.

“No mesmo dia, dois de seus discípulos, um que se achava no monastério e outro distante dele, tiveram uma mesma e idêntica revelação.

“Viam um caminho adornado por tapetes e resplandecente de inumeráveis luzes que saía de seu mosteiro pela parte do Oriente e se dirigia ao Céu.

“No alto, um personagem de aspecto venerável e luminoso lhes perguntou se sabiam que caminho era aquele que estavam contemplando.

“Eles responderam que não sabiam. E então lhes disse:

– Este é o caminho pelo qual Bento, o amado do Senhor, subiu ao Céu.

Velório de São Bento. Lorenzo di Niccolò di Martino (1373 – 1412).
Velório de São Bento. Lorenzo di Niccolò di Martino (1373 – 1412).
“Assim, ao mesmo tempo em que os discípulos presentes assistiram à morte do santo varão, os ausentes a conheceram graças ao sinal que lhes havia anunciado.

“Séculos após o falecimento, São Bento apareceu a Santa Gertrudes, sua ilustre filha espiritual.

“Arrebatada em admiração contemplando suas grandezas, recordou-lhe sua gloriosa morte quando, na Igreja de Monte Cassino, após ter recebido o Corpo e o Sangue do Senhor, sustentado nos braços de seus discípulos e de pé como um guerreiro, entregou a santa alma a Deus em prece derradeira.

“Gertrudes ousou pedir-lhe, em nome de tão preciosa morte, que se dignasse assistir com sua presença, em sua última hora, a cada uma das religiosas que então compunham o mosteiro de que fazia parte.

Túmulo de São Bento e de sua irmã Santa Escolástica, abadia de Montecassino, Itália.
Túmulo de São Bento e de sua irmã Santa Escolástica, abadia de Montecassino, Itália.
“O santo patriarca, seguro do seu crédito junto ao soberano Senhor de todas as coisas, respondeu-lhe com a doce autoridade do seu falar neste mundo:

“– A todo aquele que reconhecer o favor com que meu Mestre dignou-Se honrar meus últimos momentos, obrigo-me a assisti-lo eu mesmo na hora de sua morte.

“Serei para ele um baluarte que o defenderá com segurança contra as investidas do demônio.

“Fortificado por minha presença, escapará às ciladas dos inimigos de sua alma e o céu se abrirá diante dele”.


(Fonte: excerto de “Vida e Milagres de São Bento”, escrita pelo Papa São Gregório Magno, in Aleteia)



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domingo, 21 de setembro de 2025

“Os estandartes do Rei avançam” (Vexilla regis prodeunt) hino da Semana Santa

Santa Radegunda
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
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Em 19 de novembro do ano do senhor de 569 ‒ há mais de 1.400 anos! – numa procissão no mosteiro da Santa Cruz, em Poitiers, França, ressoou um hino que durante os quinze séculos seguintes haveria de ser entoado nas igrejas e mosteiros do mundo todo nos ofícios da Semana Santa.

O hino é o “Vexilla regis prodeunt” (“Os estandartes do rei avançam”) e fora composto por São Venancio Fortunato (530-609), bispo de Poitiers, a pedido da rainha-mãe Santa Radegunda.

Santa Radegunda após a morte do rei Clotário I seu marido, fundou o mosteiro da Santa Cruz. Ela recebeu de presente um fragmento do Santo Lenho doado pelo imperador de Bizâncio Justino II e sua esposa a imperatriz Sofia.

Felizes tempos em que os governantes dos Estados privilegiavam a fé e a ortodoxia religiosa e moral!

A Santa encomendou então ao santo religioso, famoso pelas suas qualidades poéticas postas a serviço de Nosso Redentor, um hino que seria cantado durante a translação da relíquia da Verdadeira Cruz até o altar-mor.

Procissão em Roma
Naquele dia quem diria que se cantava por vez primeira um hino que se transformou num dos maiores tesouros da Igreja! (cfr. Enciclopedia Catolica)

O hino comemora o Rei Jesus Cristo que avança rumo a Jerusalém para vencer o pecado e nos remir.

Ele vai precedido de seus anjos numa marcha triunfal que culminará no alto do Calvário, morrendo na Cruz, o estandarte de todos os verdadeiros cristãos.

A letra diz:

Avançam os estandartes do Rei:
O mistério da Cruz ilumina o mundo.
Na cruz, a Vida sustou a morte,
E na Cruz a morte fez surgir a vida.


Do lado ferido
pelo cruel ferro da lança,
para lavar nossas máculas,
jorrou água e sangue.

Cumpriram-se então
Os fiéis oráculos de David,
quando disse às nações:
“Deus reinará desde o madeiro”.

Ó Árvore formosa e refulgente,
Ornada com a púrpura do Rei!
Tu foste digna de tocar
Tão nobres membros.

Ó Cruz feliz, porque de teus braços
Pendeu o preço que resgatou o mundo.
Tu és a balança onde foi pesado
o corpo que arrebatou as vítimas do inferno.

Salve ó Cruz, única esperança nossa,
Neste tempo de Paixão
aumenta nos justos a graça
e dos crimes dos réus obtende a remissão.

Ó Trindade, fonte de toda salvação!
Ó Jesus, que nos dás a vitória pela Cruz,
Acrescentai para nós
O prêmio de vossa celeste mansão. Amém.

Em latim, língua tradicional da liturgia católica:

Vexilla Regis prodeunt: Fulget Crucis mysterium,
Quae vita mortem pertulit, Et morte vitam protulit.

Quae vulnerata lanceae Mucrone diro, criminum
Ut nos lavaret sordibus, Manavit unda et sanguine.

Impleta sunt quae concinit David fideli carmine,
Dicendo nationibus: Regnavit a ligno Deus.

Arbor decora et fulgida, ornata Regis purpura,
Electa digno stipite tam sancta membra tangere.

Beata, cuius brachiis Pretium pependit saeculi:
Statera facta corporis, tulitque praedam tartari.

O Crux ave, spes unica, hoc Passionis tempore!
Piis adauge gratiam, reisque dele crimina.

Te, fons salutis Trinitas, collaudet omnis spiritus:
Quibus Crucis victoriam largiris, adde praemium. Amen.

O Papa Urbano VIII o introduziu no culto da Igreja Católica, e o hino ingressou no Gradual do Vaticano que recolhe os cânticos gregorianos em sua forma original.


Vídeo: Vexilla regis prodeunt




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domingo, 24 de agosto de 2025

A ‘Virgen Blanca’ de Toledo: sublime união de almas

Luis Dufaur
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A primeira impressão que me causa essa imagem é a de um extraordinário relacionamento de alma entre Nossa Senhora e o Menino Jesus.

Ela exprime um destes momentos de familiaridade entre mãe e filho em que Ela brinca com o Filho.

Se esse relacionamento nunca admitisse um sorriso, não haveria verdadeiro convívio entre mãe e filho.

Por que razão?

Porque o menino tem qualquer coisa de débil que pede um sorriso.

Do contrário, estabelecer-se-ia uma barreira entre os dois, tornando impossível um dos modos mais elevados de comunicação espiritual.

Uma certa brincadeira entre Mãe e Filho converge neste ponto: a alma d’Ele sente-se misericordiosa e benignamente atendida naquilo que possui de mais débil; e a alma d’Ela manifesta-se mais delicada, afável e flexível em relação a Ele.

É um dos mais belos aspectos do estado de alma materno.

Quando se considera Nossa Senhora brincando com o Deus do Credo, Aquele que Ela sabe ser a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que assumiu a natureza humana, podemos compreender o auge de veneração presente nesse convívio e o quanto esse sorriso é autêntico e não disfarçado.

Isso revela, a par da grandeza infinita, uma sublimidade, afabilidade e bondade que nos deixam desconcertados.

O sorriso nas relações entre mãe-filho apresenta-se muitas vezes de modo prosaico. Mas nesta imagem, pelo contrário, é nobilíssimo.

Mãe e Filho não perdem nada de sua dignidade.

Outro aspecto a ser ressaltado nessa escultura — que, a meu ver, é muito superior às estátuas gregas clássicas: Ela enquanto rainha, envergando uma coroa e tendo um príncipe nas mãos.

Uma obra-prima de castidade, porque desse relacionamento só almas castas são capazes.

Uma alma não muito casta não é capaz desse sorriso e o relacionamento transforma-se em vulgaridade.

Observem como Nossa Senhora, ao mesmo tempo em que olha para o Menino Deus, medita a respeito d’Ele.

Porque compete mais a Ela admirá-Lo do que Ele em relação à sua Mãe.

Qualquer pessoa se ajoelharia diante desta cena!


(Excertos de conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 26 de novembro de 1967. Sem revisão do autor).



Sobre a imagem


A “Virgen Blanca” é uma escultura gótica de origem francesa.

Calcula-se que foi feita no século XIV mas há quem defende que foi um presente do rei São Luis IX da França a seu primo o rei São Fernando III de Castela, no século XIII.

Desde sempre está instalada no coro da catedral de Toledo, sobre o “altar de prima” onde se oficiava a missa na hora de despontar o sol.

“La Virgen Blanca” está entalhada em precioso alabastro branco recoberta com policromia dourada.

No período românico foi comum representar Nossa Senhora sentada, mas no período gótico se generalizaram as imagens da Mãe de Deus segurando o Menino Jesus em pé.

É o caso da famosíssima imagem de Nossa Senhora de Paris em sua catedral na capital francesa.

Numerosos testemunhos históricos falam de imagens trazidas da França com Nossa Senhora em pé segurando o Menino Jesus em seus braços, realizadas em mármore branco.

Entre essas se destacam varias feitas em marfim.

Essas esculturas promoveram a assimilação da arte gótica na Espanha.

Seu tamanho é pouco menor que o natural: 153 cm. A coroa, o cabelo e as franjas das vestimentas estão pintados com ouro. A cor dos rostos deve-se à pátina do tempo.

A imagem permanece sem retoques nem rupturas desde que chegou da França.



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