Santa Cunegunda, capela de Nossa Senhora, Budapest, Hungria |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
O príncipe Boleslau V o Casto procurava uma esposa em algum país vizinho.
Tinha que ser uma princesa e o casamento se decidia na base de cálculos políticos.
Foi assim que ele decidiu casar-se com a princesa Kinga, ou Cunegunda (1224-1292), filha do rei da Hungria.
Ela era a filha bem-amada do rei Bela IV e de Santa Isabel da Hungria, e irmã de Santa Margarida da Hungria.
A bela princesa húngara deu sua mão ao príncipe polonês.
Ela tinha um espírito fino e esclarecido, e pediu a seu pai um dote fora do comum. Contudo não pediu ouro nem dinheiro, nem belos panos, mas um presente que contribuiria muito para a prosperidade de sua nova pátria.
Naquela época o sal era um elemento raríssimo e o rei Bela ofereceu à filha uma das minas de sal que faziam a riqueza da Hungria.
Porém, a mina ficava muito longe da Polônia e a princesa percebia que seria difícil tirar proveito dela.
Ela foi, então, visitar a mina e decidiu levá-la consigo até sua futura pátria.
Para isso, arrancou inesperadamente um anel precioso de sua mão e jogou-o no poço mais fundo da mina, invocando São Francisco e Santa Clara de Assis.
Santa Cunegunda na mina de sal de Wieliczka |
Os primeiros meses que ela passou no castelo real de Cracóvia lhe fizeram descobrir e experimentar sua nova vida e seus novos servidores pobres e sacrificados.
Quanto mais passava o tempo, mais ela compreendia que era preciso fazer algo para a felicidade de seus vassalos.
Certo dia, ela pediu a seu esposo licença para procurar um lugar onde cavar para tirar o sal.
No dia seguinte, um grande cortejo acompanhou o casal real, que deixou a cidade e se deteve pela noite na pequena aldeia de Wieliczka, perto de uma floresta.
Cunegunda decidiu intuitivamente que não era necessário ir muito mais longe. Era ali que era preciso escavar. Os trabalhos começaram pela manhã.
Não se sabe ao certo quanto demoraram até acharem os primeiros blocos de sal. O fato é que a jovem rainha acompanhava os trabalhos de perto.
Ela até entrou no poço e acabou saindo alegremente com as primeiras pedras de sal.
Um dia, a soberana percebeu que entre os blocos de sal havia uma coisa que brilhava.
Cunegunda se inclinou, afastou a poeira e recuperou o anel que tinha jogado na mina de Hungria invocando seus padroeiros franciscanos.
Capela de Santa Cunegunda na mina de sal de Wieliczka |
Então ela ficou bem segura. Havia escolhido o local certo para tirar o sal.
Desde então o sal da mina de Wieliczka trouxe muita riqueza para Cracóvia e para a Polônia inteira.
Mas Cunegunda não deixava de procurar meios para tornar seu povo sempre mais próspero.
Ocupava-se cuidadosamente dos vassalos e fazia muita caridade.
Após a morte do rei seu marido, Cunegunda se retirou para um mosteiro fundado por ela mesma em Nowy Sacz e adotou o hábito de religiosa.
Lá ela dorme o sono da bem-aventurança eterna.
Muitos anos depois foi canonizada. E Santa Cunegunda é hoje uma das padroeiras da Polônia e da Lituânia.
(Fonte: “Légendes de Cracovie”, Wydawnictwo Wam, Cracóvia, 1972, p. 32 a 35)
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