domingo, 3 de março de 2024

Procissão do Preciosíssimo Sangue,
em Weingarten, Alemanha

O sacerdote 'Cavaleiro do Sangue' leva a relíquia abençoando o povo
O sacerdote 'Cavaleiro do Sangue' leva a relíquia abençoando o povo
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Todo ano se realiza a Blutritt [Procissão do Preciosíssimo Sangue].

É uma procissão a cavalo, em honra de uma relíquia do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Acontece na cidade de Weingarten, Baden-Württenberg, Alemanha, na 6ª feira após a Ascensão, ou Blutfreitag [Sexta-feira do Sangue].

A tradição manda que só os homens participem.

A Abadia de Weingarten conserva, há mais de 950 anos, uma relíquia do Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Ela é exposta uma vez ao ano na igreja do Mosteiro.

No dia da festa, um sacerdote ou ‘Cavaleiro do Sangue’ a leva pelas ruas da cidade.

É acompanhado por três mil cavalarianos, pertencentes a mais de cem grupos, em fraque e cartola.

Uma banda de 80 componentes desloca-se em torno ao Cavaleiro do Sangue.

A procissão é religiosa e civil. Romeiros de toda a Suábia Superior e da Baviera vêm à festa.

Esse Sangue foi colhido por São Longino após a cura de seu olho.

Relíquia do sangue de Nosso Senhor, Weingarten, Alemanha
Relíquia do sangue de Nosso Senhor, Weingarten, Alemanha
Longino foi o centurião romano que atravessou o lado de Nosso Senhor morto na Cruz.

Na hora de enfiar a lança no Sagrado Coração, saíram umas gotas que atingiram seus olhos e o curaram da cegueira.

Ele conservou esse Sangue, junto a uma porção de terra do Calvário, numa caixa de chumbo.

Batizado, partiu ele para Mântua, na Itália. Antes sofrer o martírio São Longino escondeu a caixa, e o local ficou esquecido.

No ano de 804, quando Carlos Magno imperava sobre o Ocidente, o local foi milagrosamente revelado ao cego Aldibero.

O cego se dirigiu ao duque de Mântua, ao Imperador e ao Papa.

Levado ao local da visão, a caixa foi encontrada e Aldibero recuperou a vista imediatamente.

Grande devoção passou a cercar a relíquia. O Papa São Leão III a venerou publicamente.

Porém, voltou a desaparecer durante as invasões húngaras e normandas.

Ela foi redescoberta em 1048, tendo sido solenemente reconhecida pelo Papa São Leão IX na presença do imperador Henrique III e muitos dignitários.

Judite, duquesa da Baviera, irmã do conde Balduíno V de Flandres e de Santa Adela da França, doou o relicário à abadia de Weingarten.

Ali, a relíquia é venerada há quase um milênio.

Ela está exposta numa capela ao lado da basílica de São Martinho.

A procissão nos campos, Blutfreitag, Weingarten, Alemanha.
A procissão nos campos, Blutfreitag, Weingarten, Alemanha.
A procissão a cavalo remonta à Idade Média. Porém, o primeiro escrito que faz menção dela, data de 1529.

As festas começam na missa da Ascensão, com uma procissão das velas até a vizinha cidade de Kreuzberg.

A procissão equestre inicia-se no dia seguinte, após a missa dos cavalarianos às 6 da manhã.

Fanfarras e coros também fazem a romaria.

A procissão percorre as ruas da cidade acompanhada por mais de trinta mil romeiros.

Ela se detém em quatro estações do caminho e termina a meio-dia diante da basílica.

Ali, a relíquia é venerada pelos fiéis durante a tarde toda.

História da abadia


A abadia beneditina de Weingarten foi fundada em 1056, por Guelfo I, duque da Baviera.

Os monges elaboraram famosas iluminuras de manuscritos, a mais famosa das quais é o Sacramentário de Berthold, de 1217.

Em 1274, o mosteiro ganhou estatuto de feudo independente de qualquer poder temporal, exceto do imperador.

Seu território era de 306 km2, incluindo muitas florestas e vinhedos.

Missal de Weingarten
Missal de Weingarten
A primeira igreja românica foi construída entre 1124 e 1182.

Entre 1715–24 foi substituída por uma maior, em estilo barroco, ricamente decorada.

Em 1803, a revolução anticristã se voltou contra o Sacro Império e aboliu os estados menores independentes, como Weingarten.

A abadia foi dissolvida e suas propriedades confiscadas pelo principado de Nassau-Orange-Fulda, e depois pelo reino de Würtemberg.

Naquela ocasião os riquíssimos relicários de ouro e pedras preciosas foram roubados de modo sem vergonha pelo laicismo rompante.

Em 1812, sob os efeitos revolucionários das invasões de Napoleão, a procissão foi proibida.

Mas retomou em 1849 e continua até agora.

Em 1922, a abadia de Weingarten foi refundada por monges beneditinos da arquiabadia de Beuron e da abadia de Erdington, Inglaterra.

Em 1940, o nazismo expulsou os monges, mas eles voltaram após o fim da guerra.

Os monges pertencem em parte ao rito romano e em parte ao rito bizantino.




Vídeo: Procissão do Preciosíssimo Sangue de Cristo (Weingarten, Alemanha)






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2 comentários:

  1. Gostei muito desta matéria, pois o que a humanidade está precisando é de boas notícias como ésta, e estas relíquias são muito importântes para todas as pessoas.

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  2. Obrigada!! Como é linda a História Cristã! Não tem como separá-la da História da Humanidade. Ela é a História da Humanidade!
    Deus o abençoe!

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