domingo, 30 de setembro de 2012

Louvor a Nossa Senhora



No último canto da Divina Comédia, Dante imagina São Bernardo dirigindo a Nossa Senhora uma oração na qual ele pede que seja dada ao poeta a visão de Deus.


Virgem Mãe, Filha de Teu Filho,
humilde e alta mais que (toda) criatura,
objetivo do eterno conselho (trinitário)

Tu és aquela que a humana natureza
nobilitaste tanto, que o seu Criador
Não desdenhou de fazer-se sua criatura.

No teu seio se reacendeu o amor
(de Deus para com o homem)
pelo qual, ardente na eterna paz,
fez germinar esta flor (a Igreja triunfante, formada pelos méritos da Redenção).

Aqui (no Paraíso) és para nós chama luminosa
de caridade, e na Terra, entre os mortais,
és de esperança fonte perene.

Senhora, és tão grande e tão valiosa,
que quem procura a graça e a Ti não recorre,
seu desejo quer voar sem asas.

A tua benignidade não somente socorre
a quem pede, mas muitas vezes
espontaneamente ao pedido se antecipa.

domingo, 1 de abril de 2012

Via Sacra: acompanhando Jesus pela Via da Paixão Jerusalém


A Via Sacra ‒ também conhecida como Via Crucis, Estações da Cruz ou Via Dolorosa ‒ é uma devoção que consiste numa peregrinação espiritual ajudada por uma série de quadros ou imagens que representam cenas da Paixão de Cristo.

A Via Sacra mais conhecida hoje é a rezada no Coliseu de Roma, na Sexta-Feira santa, com a participação do próprio Papa.

As imagens representando as cenas da Paixão podem ser de pedra, madeira ou metal, pinturas ou gravuras. Elas estão dispostas a intervalos nas paredes ou nas colunas da igreja.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Sublime equilíbrio ante a lepra (2)

O Bom Samaritano, igreja paroquial de Buckland, Inglaterra



Foi principalmente depois das peregrinações na Terra Santa e nas Cruzadas que a lepra se tinha espalhado pela Europa. Essa origem aumentava seu caráter sagrado.

Uma Ordem de Cavalaria, a de São Lázaro, fora fundada em Jerusalém para se consagrar exclusivamente aos cuidados dos leprosos, e tinha um leproso como grão-mestre; e uma Ordem feminina devotara-se ao mesmo fim na mesma cidade, no hospital Saint-Jean l’Aumônier.

Certa vez que o Bispo Hugo de Lincoln – do Franco-Condado por nascimento e cartuxo por religião – celebrava a Missa, admitiu os leprosos ao ósculo da paz; e como seu chanceler o lembrasse que São Martinho curava os leprosos beijando-os, o Bispo respondeu:

‒ “Sim, o ósculo de São Martinho curava a carne dos leprosos, mas a mim é o ósculo dos leprosos que cura minha alma”.

Entre os reis e os grandes da terra, nossa Isabel não foi a única a honrar Cristo nos sucessores de Lázaro. Príncipes ilustres e poderosos consideravam esse dever como uma das prerrogativas de suas coroas.

Roberto, Rei da França, visitava sem cessar seus hospitais.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Sublime equlíbrio ante a lepra (1)

Os leprosos continuavam sempre a ser o objeto da predileção de Santa Isabel de Hungria (1207 - 17 novembre 1231) e de algum modo até de sua inveja, pois a lepra era, entre todas as misérias humanas, aquela que melhor podia desapegar suas vítimas da vida.

Frei Gérard, Provincial dos franciscanos da Alemanha, que era, depois de mestre Conrad, o confidente mais íntimo de seus piedosos pensamentos, vindo um dia visitá-la, ela pôs-se a falar longamente sobre a santa pobreza.

Pelo fim da conversa exclamou:

‒ “Ah!, meu Pai, o que eu quereria antes de tudo e do fundo do meu coração, seria ser tratada em todas as coisas como uma leprosa qualquer. Quisera que se fizesse para mim, como se faz para essa pobre gente, uma pequena choupana de palha e feno, e que se pendurasse diante da porta um pano, para prevenir os transeuntes, e uma caixa, para que nela se pudesse colocar alguma esmola”.

Com essas palavras, perdeu o conhecimento e ficou numa espécie de êxtase, durante o qual o Padre Provincial, que a sustentava, ouviu-a cantar hinos sacros; depois disto voltou a si.